RECONHECENDO MINHA MÃE
Uma Canção da Visão Experiencial
༄༅།།ལྟ་མགུར་ཨ་མ་ངོས་འཛིན་བཞུགས་སོ།།
de Changkya Rolpai Dorjé 1717-1786
Sobre o autor Changkya Rolpai Dorjé
O texto Reconhecendo Minha Mãe – Uma Canção da Visão Experiencial [do Caminho do Meio][1] foi composto por Changkya Rolpai Dorjé[2] (1717-1786).
Changkya Rolpai Dorjé foi um importante estudioso da Escola Gelug de Amdo que supervisionou e participou da tradução do Kangyur para Manchuriano (108 volumes) e a pedido do novo imperador, Qianlong, ele supervisionou a tradução do inteiroTengyur (224 volumes) para o Mongol com base no glossário compilado por Changkya Rolpai Dorjé, chamado “A Raiz da Aprendizagem[3]“.
Nascido em uma família nômade etnia mongol na região Tsongkha de Amdo em 1717, Changkya Rolpai Dorjé foi reconhecido aos quatro anos de idade como a reencarnação do segundo Changkya Lobsang Choden. Após as turbulências em Amdo e a destruição de seu mosteiro natal de Gonlung Jampa Ling[4] pelas tropas Qing, ele foi levado para a corte imperial em Pequim, onde recebeu extenso treinamento budista de vários mestres.
Em 1734, ele viajou para Lhasa pela primeira vez após receber permissão para acompanhar o Sétimo Dalai Lama, Kelsang Gyatso, à capital tibetana – Lhasa. Esta viagem deu a Changkya Rolpai Dorjé a oportunidade de receber ensinamentos do Sétimo Dalai Lama, Kelsang Gyatso. No ano seguinte, em 1735, ele foi totalmente ordenado no Mosteiro de Tashi Lhunpo e recebeu o nome Yeshe Tenpe Dronme do quinto Panchen Lama, Lobsang Yeshe.
Após a morte repentina do imperador Yongzheng, ele retornou à corte imperial em Pequim.
Em 1757, Changkya Rolpai Dorjé viajou novamente para Lhasa, onde desempenhou um papel fundamental na identificação do Oitavo Dalai Lama e escreveu a biografia do Sétimo Dalai Lama.
Ele morreu em 1786 em seu local de retiro na montanha Wutai Shan, no norte da China.[5]As obras de Changkya Rolpé Dorjé (gsung ‘bum) consistem em sete grandes volumes contendo quase 200 textos individuais. Uma das suas obras mais conhecida é: A Apresentação dos Sistemas Filosóficos Indiano Clássicos,intitulada “O Ornamento Maravilhoso do Monte Meru”གྲུབ་པའི་མཐའ་རྣམ་པར་བཞག་པ་གསལ་བར་བཤད་པ་ཐུབ་བསྟན་ལྷུན་པོའི་མཛེས་རྒྱན་ em 3 seções.
Explicação do texto:
A seguir, uma breve explicação de Reconhecendo Minha Mãe – Uma Canção da Visão Experiencial, que pode ser útil para a compreensão do texto. A explicação é baseada no texto comentário do segundo Jamyang Shepa Kunkhyen Jigme Wangpo[6] e o comentário do ex-abade do Mosteiro Drepung Gomang Khenzur Tenpa Tenzin.[7]
O texto raiz está embutido nas notas explicativas e destacado em negrito.
O texto começa com o título: Reconhecendo Minha Mãe – Uma Canção da Visão Experiencial sobre o [Caminho do Meio].
༄༅།།ཨེ་མ་ཧོ།།
E ma ho! [Essas sílabas expressam maravilha e admiração.]
1.ཟབ་མོ་རྟེན་ད་འབྱུང་གི་དེ་ཉིད་ངོ་མཚར།།
ཇི་བཞིན་རྗེན་པ་རུ་སྟོན་པའི་བླ་མ།།
བཀའ་དྲིན་འཁོར་མེད་དེ་སྙིངུས་དབུས་བཞུགས་ཤིག།
གང་དྲན་ཐོལ་བྱུང་གི་ཚིག་གསུམ་སྨྲའོ།།
- Vós que revelais a maravilhada profunda natureza da originação interdependente,
Ó meu guru, sua gentileza é sem limites.
Por favor, permaneças em meu coração
enquanto pronunciarei estas palavras espontâneas,
a partir dos pensamentos que esvoaçam em minha mente
a partir dos pensamentos que esvoaçam em minha mente.
| Nas três primeiras linhas, Changkya Rolpai Dorjé presta homenagem a seu mestre espiritual[8] e, na quarta linha, ele estabelece a promessa de compor o texto.
Nas três primeiras linhas, Changkya Rolpai Dorjé presta homenagem a seu mestre espiritual8 e, na quarta linha, ele estabelece a promessa de compor o texto. HOMENAGEM: Meu mestre espiritual, Vós que revelaiscom clareza a maravilha da profunda natureza última da originação interdependente. Esta natureza última é profunda porque é difícil de perceber. É uma maravilha, uma vez que os fenômenos originados interdependentemente aparecem, mas são vazios de existência intrínseca e embora não existam inerentemente, ainda assim estes aparecem. Ó meu guru, sua gentileza é sem limites, pois você apresentou claramente o significado da indissolubilidade da aparência e vaziedade. Por favor, pemaneças emmeu coração no centro de uma flor de lótus aberta de oito pétalas. A PROMESSA DE COMPOR O TEXTO: Enquanto pronunciarei estas palavras espontâneas sobre a vaziedade e a originação interdependente a partir dos pensamentos que esvoaçam em minha mente. |
Os versos de 2 ao 12 expõem o modo de existência dos fenômenos com base no sistema dos princípios Prasaṅgika-Mādhyamika e de acordo com a tradição Gelug do budismo tibetano.
2.ཨ་མ་རྒན་མོ་དེ་ཡུན་རིངྟ་སྟོར་བའི།།
བུ་ཆུང་སྨྱོན་པ་ང་ཇི་ཞིག་ལྟར་ཏེ།།
ཨ་མ་དྲིན་ཅན་དེ་ལྷནུག་ཅིག་འདུག་པ།།
ངོ་མ་ཤེས་པ་དེ་ཤེས་ལ་ཁད་སྣང་ངོ་།།
- Esta criança lunática,
que, há muito tempo perdeu a sua velha mãe,
por acaso, está prestes a perceber
aquela que, embora não a reconhecendo,
esteve com ele o tempo todo!
|
Criança lunática se refere à mente que analisa a vaziedade. A velha mãe se refere à ausência de existência inerente (a vaziedade) dessa mente ou à ausência de existência inerente (a vaziedade) em geral. Este último é semelhante ao fato de que os Sutras petencentes a Perfeição da Sabedoria que ensinam explicitamente a vaziedade são também chamados de Sutras Mãe.[9] A mãe é descrita como velha porque a vaziedade em geral, e em particular a vaziedade da mente, existem desde tempo imprincipiável . Entretanto, desde que a mente que analisa a vaziedade não analisou a ausência de existência intrínseca desde o tempo sem início, ela é comparada a uma criança. A criança também é descrita como “lunática”, uma vez que é afetada pela maneira de apreender erroneamente a verdadeira maneira de existir dos fenômenos, [apreensão errônea da errônea da realidade]. Esta criança lunática (ou seja, a mente que analisa a vaziedade) perdeu a sua velhamãe (sua vaziedade) há muito tempo porque, embora o continuum da mente exista desde tempo imprincipiável, a mente não era consciente de sea própria vaziedade. Portanto, esta também desconhecia que nunca esteve separada de sua própria vaziedade (a mãe). No entanto, como resultado dos ensinamentos do mestre espiritual e da análise subsequente, a criança está prestes a perceber por acaso, o que não havia reconhecido antes: esta amável mãe esteve com ele o tempo todo! O raciocínio por meio do qual a criança alcança este reconhecimento é explicado no próximo verso. |
- ཇོ་ཇོ་རྟེན་འབྱུང་དེས་ལྐོག་ཏུ་བསྙད་པས།།
ཡིན་ཡིན་མིན་མིན་དེ་ཨེ་ཡིན་སྙམ་མོ།།
གཟུང་འཛིན་སྣ་ཚོགས་འདི་ཨ་མའི་འཛུམ་བག།
སྐྱེ་འཆི་འཕོ་འགྱུར་འདི་ཨ་མའི་བརྫུན་ཚིག།
- Meu velho irmão, a originação interdependente,
explicando silenciosamente diz: ela talvez seja aquilo que “é” e “não é” ».
Estes vários objetos e sujeitos são sorrisos mascarados da minha mãe;
Estes ciclos de nascimento e morte são falsas afirmações da minha mãe.
|
“Velho irmão” refere-se à originação interdependente, que serve como a razão que estabelece a ausência de existência intrínseca. Como mencionado anteriormente, a vaziedade é difícil de compreender, pois é um fenômeno oculto. Assim, para realizá-la pela primeira vez, é preciso cultivar o cognizador inferencial [mente]. Tal mente surge em dependência da raciocínio correto, o velho irmão originação interdependente, que compreende o seu objeto explicando silenciosamente por meio da imagem genérica da vaziedade. Em outras palavras, é por meio da compreensão da originação interdependente que se gera o cognizador inferencial que percebe a vaziedade. Entretanto, o cognizador inferencial não percebe a vaziedade diretamente, mas por meio da aparência da imagem genérica da vaziedade. Por causa de tal cognição, chegamos a pensar que a visão que sustenta que um fenômeno não é inerentemente existente é talvez, uma visão correta, mesmo que o fenômeno normalmente apareça como se fosse inerentemente existente. Estes vários objetos e sujeitos, ou seja, o mundo de diferentes consciências e seus muitos objetos, são sorrisos mascarados da mãe, pois são expressões ou manifestações da vaziedade. Estas não tem existências própria mas existem convencionalmente. Este ciclo de nascimento e morte, a grande variedade de experiências diferentes e em constante mudança dentro da existência cíclica e tudo o mais que foi criado pelo karma e emoções aflitivas são as falsas afirmações da mãe, pois não existem da maneira como aparecem. |
- བསླུ་མེད་ཨུས་མ་ཡིས་ཁོ་བོ་བསླུས་སོ།།
ཇོ་ཇོ་རྟེན་འབྱུང་དེས་སྐྱོབ་པར་རེའོ།།
རྣམ་པ་གཅིག་ཏུ་ན་ཨ་མ་རྒན་མོ།།
ཁོ་ནའི་དྲིན་གྱིས་ནི་གྲོལ་བར་རེ་སྟེ།།
- Ó, minha mãe não enganadora, vós me traístes!Enquanto espero ser salvo pelo velho irmão originação interdependente,
Porém, em última análise, é apenas em sua bondade,
Ó mãe, que minhas esperanças da liberação jazem.
|
Minha mãe não é enganadora porque ela existe da maneira como aparece. Para uma mente que percebe diretamente a vaziedade, não há discrepância entre a forma como a vaziedade se manifesta e a forma como esta existe. No entanto, minha mãe não enganadora me traistesvisto que fui desencaminhado pelo karma e pelas emoções aflitivas, que são manifestações da vaziedade. Enquanto espero ser salvo pelo velho irmão originação interdependente, pois ele me mostra quais ações kármicas a adotar e quais devem ser evitadas e assim me proteger do medo de existência cíclica, é, em última análise, é apenas em sua bondade,Ó mãe, que minhas esperanças da liberação jazem. A razão é que eu só posso superar a existência cíclica por meio da percepção da vaziedade, pois é somente com tal percepção que posso cortar a compreenção errônea da maneira de existir dos fenômenos [da realidade ] e eliminar todas as emoções aflitivas. |
- གཟུང་འཛིན་འདི་ཉིད་ཀོ་འདི་ལྟར་ཡིན་ན།།
དུས་གསུམ་རྒྱལ་བས་ཀྱང་སྐྱོབ་ཐབས་མི་འདུག།
འགྱུར་བ་སྣ་ཚོགས་འདི་འགྱུར་མེད་ཨ་མའི།།
རྣམ་འགྱུར་ཡིན་པས་ན་གྲོལ་རྒྱུ་འདུག་གོ།
- Se a dualidade de sujeitos e objetos fosse como parece ser,então nem mesmo os Buddhas dos três tempos podem nos salvar.
Mas estes espetáculos sempre mutáveis, na verdade são
expressões de minha mãe imutável.
Portanto, há de fato uma saída para a liberação.
|
Se a dualidade de sujeitos e objetos fosse como parece ser, ou seja, se as consciências e seus objetos existissem da maneira como aparecem, estes existiriam de seu próprio lado. Isto significaria que estes existiriam independentemente, autonomamente, o que tornaria impossível eliminar as concepções errôneas e cultivar boas qualidades e alcançar a liberação e a iluminação. Mas estes dependem de outros fatores. Se assim fosse, então nem mesmo os Buddhas dos três tempos – passado, presente e futuro – poderiam nos salvar. Mas estes espetáculos sempre mutáveis, significa que todos os fenômenos dependem de outros fatores, ou seja, os fenômenos deste mundo estão em constante mutações, e a frase na verdade são expressões de minha mãe imutável, significa que todos essas mutações dos fenômenso são manifestações da vaziedade. Portanto, há de fato uma saídapara a liberação – existem meios para se alcançar visto que tudo é mutável. |
- ཅིར་ཡང་མ་གྲུབ་པའི་བརྗོད་མེད་ཨ་མའི།།
ཅིར་ཡང་བརྫུ་བ་ཡི་ཕར་ཕར་བརྟེན་ཚུར་བརྟེནེན།།
འདི་ག་ཙམ་ཞིག་ལ་གོ་རྒྱུ་འདུག་གོ།
- Esta minha mãe inexprimível,
não existindo em nenhuma forma, aparece em todas as formas.
Somente nesta dependência mútua [da vaziedade e da forma]
Está, de fato, uma lição importante.
- ཕ་རྒན་བཙལ་བས་ནི་མ་རྙེད་པ་དེ།།
མ་རྒན་རྙེད་པ་ཁོ་ཡིན་པར་འདུག་པས།།
ཨ་མའི་པང་ནས་ནི་ཕ་རྒན་རྙེད་པས།།
ཕ་མ་དྲིན་ཅན་གྱིས་བུ་ང་སྐྱོབ་སྐད།།
7. Não encontrar o meu velho pai quando o procuro,
na verdade significa, encontrar a velha mãe;
Meu velho pai é encontrado no colo da minha mãe!
Então me dizem: É assim que estes pais afáveis salvam suas crianças!
|
Meu velho pai se refere a originação interdependente dos fenômenos convencionais, que são a base da vaziedade. Assim, quando os submeto à análise final, ou seja, quando procuro pela existência inerente deles, na verdade, não encontro meu pai — os fenômenos surgidos ou originados de maneira interdependente, mas encontro minha mãe — a vaziedade dos fenômenos. Meu velho pai é encontrado no colo da minha mãe, ou seja dentro da esfera da vaziedade. Com isso, percebo que não há contradição entre os fenômenos surgidos ou originados de maneira interdependente e a vaziedade destes. E isso permite não cair nos extremos do niilismo e do eternalismo. Me dizem: É assim que estes pais afáveis salvam suas crianças! |
8.གཅིག་མིན་གཞན་མིན་གྱི་ཨ་མའི་བཞིན་རས།།
ཇོ་ཇོ་རྟེན་འབྱུང་གི་མེ་ལོང་ནང་ན།།
ཟིན་པ་མེད་ཚུལ་གྱིས་ཡོད་ཡོད་འདྲ་སྟེ།།
སྨྱོན་པ་ང་འདྲས་ནི་རྟོག་དཔྱོད་མ་ཞུགས།།
8. O rosto de minha mãe se reflete evidentemente
no espelho do velho irmão — a originação interdependente,
que não é um nem múltiplo.
No entanto, um lunático como eu, não tinha a menor idéia!
|
O rosto de minha mãe, vaziedade, não é um com a sua própria natureza básica nem diferente desta, fenômenos surgidos de maneira interdependente. Este aparece como uma mera negação da existência intrínseca no espelho de meu irmão, o cognizador inferencial [a mente] que é gerado como resultado da compreensão de meu irmão originação interdependente. No entanto, embora o rosto de minha mãe seja incompreensível [aparecendo] como existindo inerentemente, um lunático como eu, não tinha a menor idéia! |
- ཀླུ་སྒྲུབ་ཟླ་གྲགས་ཀྱིས་ཞལ་ཆེམས་རླུང་བསྐུར།།
འཇམ་དཔལ་སྙིང་པོ་ཡིས་བྱ་ཅིག་བཏང་བས།།
ཐག་རིང་འཚོལ་བ་ཡི་དཀའ་ལས་བཤོལ་ནས།།
ལྷན་ཅིག་གནས་པ་ཡི་མ་རྒན་མཐོང་རེ།།
9. Nagarjuna e Chandrakirti enviaram
suas instruções ao vento,
e Manjusrigarbha nos transmitiu por meio do pássaro.
Por isso, sem as dificuldades de uma busca prolongada,
espero ver minha velha mãe eternamente presente.
| Comentário de S.S o Dalai Lama
རྒྱལ་སྲས་ཀླུ་སྒྲུབ་ཡབ་སྲས་གཙོ་འཁོར་ལྔ།།ཟབ་མོ་རྟེན་འབྱུང་གཏམ་གྱི་བགྲོ་བ་མཛད།། དེ་ཡི་ནང་ནས་དཔལ་ལྡན་སངས་རྒྱས་བསྐྱངས།།རྒྱ་དཔེས་བྱིན་བརླབས་འཕགས་པའི་དགོངས་པ་འཁྲུངས།།དཔལ་ལྡན་བླ་མའི་ཞབས་ལ་གསོལ་བ་འདེབས།། Entre os 5 mais proeminentes dos herdeiro de Nagajuna era Buddhapalita 4. A ti me prosto, Ó Buddhapalita, que alcançou O estado do adepto supremo e que elucidou claramente a intenção Do nobre [Nagarjuna], o significado final da origem dependente, O ponto profundo da existência como sendo mera designação e mero nome.
18. Investigação da entidade intrínseca do indivíduo e dos fenômenos 1. གལ་ཏེ་ཕུང་པོ་བདག་ཡིན་ན།།སྐྱེ་དང་འཇིག་པ་ཅན་དུ་འགྱུར།། གལ་ཏེ་ཕུང་པོ་རྣམ་ལས་གཞན།།ཕུང་པོའི་མཚན་ཉིད་མེད་པར་འགྱུར།། 1. Se os agregados fosse o indivíduo Estes surgiriam e se destruiriam Se estes fossem algo diferente dos agregados Estes não teriam as características dos agregados. |
***************************************
| Comentário de Geshe Tempa
Nagarjuna compôs obras como a Coletânea de Raciocínio sobre o Caminho do Meio e Chandrakirti deixou para trás suas Palavras Claras e Entrando no Caminho do Meio. Isto é como se estes dois mestres tivessem enviado suas instruções ao vento. Manjushirigarbha Lama Tsongkhapa nos transmitiu seus ensinamentos por meio do pássaro, quando nos deixou seu Comentário sobre o Sabedoria Fundamental, Esclarecendo o Pensamento, a Essência da Elucidação Eloquente e outros. Portanto, eu espero perceber, isto é, perceber diretamente, minha velha mãe eternamente presente, ou seja, a ausência de existência intrínseca de minha própria mente, sem ter que passar pelas dificuldades de uma busca prolongada para estas instruções em algum lugar distante. |
- ད་ལྟ་རང་རེ་ཡི་བློ་གསལ་འགའ་ཞིག།
ཚུགས་ཐུབ་བདེན་གྲུབ་སོགས་བརྡ་ལ་ཞེན་པས།།
སྣང་བ་ལིངས་ལིངས་འདི་རང་སོར་བཞག་ནས།།
དགག་རྒྱུ་རྭ་ཅན་ཞིག་འཚོལ་བར་སྣང་སྟེ།།
- Entre os atuais estudiosos, parece haver alguns, que se aferram
nos conceitos como “completamente autônomos” e “existência verdadeira”;
Procurando apenas negar alguma criatura com chifres
deixando intacta esta aparência ordinária de solidez.
|
Entre os atuais estudiosos da Escola Gelugpa, parece haver algunsque se aferram nos conceitos como! completamente autonomos” e! existência verdadeira “, são incapazes de identificar o objeto de negação da vaziedade. Assim, em vez de negar a existência intrínseca ou verdadeira, eles negam algo mais, como alguma criatura com chifres, deixando intacta esta aparência cotidiana de solidez ou existência inerente. |
11.སྒྲིབ་བྲལ་ཨ་མ་ཡི་བཞིན་རས་དེ་ན།།
ལང་ལང་ལིང་ལིང་འདི་ཡོད་སྐད་མི་འདུག།
གནད་འགགས་མ་ཕིགས་པའི་བཤད་བཤད་མང་ཀྱང་།།
ཨ་མ་རྒན་མོ་དེ་བྲོས་དོགས་འདུག་གོ།
- Porém, creio eu, que tão vívida dualidade não é
Encontrada no rosto deslindado da mãe!
Com as discussões prolongadas sem um ponto (preciso),
Suspeito que a minha velha mãe nos escapará!
|
Porém, creio eu, que nem nas escrituras, nem do ponto de vista da sabedoria que pecebe diretamente a vaziedade,uma existência tão vívida e sólida não é encontrada no rosto minha mãe, ou seja, a ausência de uma existência intrínseca completamente livre do véu da dualidade! No entanto, das discussões prolongadas sem um ponto (preciso), minha velha mãe – a vaziedade sempre presente de minha própria mente – nos escaparáao invés de vir a ser um objeto de minha compreensão! |
- ཡོད་ཞིག་ཡོད་མོད་ཀྱང་ད་ལྟའི་དེ་འདྲའི།།
རོང་རོང་འགལ་འདུ་ཅན་ཡིན་ཚོད་མི་སྣང་།།
ཕ་མ་མཛའ་གཅུགས་ཀྱི་འབྲལ་མེད་བག་ཕེབས།།
འཇམ་འཇམ་སྐྱིད་སྐྱིད་ཅིག་ཡིན་པར་སྣང་ངོ་།།
12. Os fenômenos existem,
mas não existem damaneira evidentes apresentados em divisões [dualismo].
A respeito do vínculo inseparável de nossos pais bondosos
é mais uma questão de ternura e alegria.
| Os fenômenos existem, mas apenas convencionalmente. Estes não existem da maneira de fatos evidentes apresentados em divisões [oudualismo] como – o agente, ação e objeto – existente separadamente de seu próprio lado, o que os tornaria insustentáveis. Isto porque o vínculo inseparável de nossos pais amorosos, ou seja, a inseparabilidade de nosso pai (as aparências surgidas de maneira interdependente) e de nossa mãe (oa vaziedade desta aparências) é mais um vínculo de ternura e alegria, pois está livre de contradições e elaborações irrealistas. |
Nos versos seguintes, de 13 à 20, Changkya Rolpai Dorje explora o caminho:
(1) as outras escolas budistas (Vaibhahṣika, Sautrantika, Chittamatra, e Svatantrika-Madhyamika) descrevendo o modo de existência dos fenômenso e como
(2) as outras tradições budistas tibetanas (Nyingma, Sakya e Kagyu) apresentam isto:
13 e 14. བྱེ་མདོ་རྣམ་རིག་དང་ཤར་གསུམ་མཁན་པོས།།
ཨ་མ་གླང་ཆེན་ཐལ་གྱི་ཐལ་དཀར་གཟུགས་ལ།།
བེམ་པོ་འཛུམ་རིས་ཀྱིཀྱི་རྒྱ་སྟག་ཁྲ་བོ།།
འཛིན་པ་ཀླད་མེད་ཀྱིཀྱྱི་སྤྲེའུ་སྨ་པོན་པ།།
གཉིས་མེད་ཚ་དུགས་ཐུབ་ཀྱིཀྱི་དོམ་བུ་ངར་མའི།།
ཐ་སྙད་སྣ་ཚོགས་ཤིག་པར་འདོགས་པར་བྱེབྱེད་ཀྱང་།།
ཨ་མ་རྒན་མོ་དེ་སྟོར་ནས་འདུག་གོ།
13 e 14. Vaibhashika, Sautrantika, Vijnanavada[10],
e os três mestres orientais [da Svatantrika], embora rotulem
esta mãe, este elefante branco como calcário, com nomes tão divergentes:
«matéria externa», um rugido de tigre!
«um sujeito intrínseco », um macaco louco!
«natureza não dual inerentemente existente », um urso feroz!
No entanto, todos eles parecem ter perdido a velha mãe.
|
Os sistemas de ensinamentos das escolas Vaibhashika e Sautrantika afirmam que os fenômenos externos, tais como matéria, e fenômenos internos como a mente, realmente existem. Os proponentes das escolas do Vijnanavada ou Chittamatra sustentam que não existem fenômenos externos, mas o sujeito, ou seja, o mente, é verdadeira e intrinsecamente existente. Os três Mestres orientais da escola Svatantrika-Madhyamika – Jnanagarbha, Shantaraksita, e Kamalashila[11]– professam que todos os fenômenos carecem de existência verdadeira, mas ainda sustentam que elas existem inerentemente, intrinsecamente ou de seu próprio lado. No entanto, todosos princípios dessas escolas parecem ter perdido ou ficado alheios ao reconhecimento da velha mãe, o modo último de existir dos fenômenos, porque eles não aceitam a ausência de existência intrínseca destes. Isto é como perceber um elefante branco parecido com um calcário, como um ruggido de tigre, um macaco louco, ou um urso feroz. Em outras palavras, embora os sistemas dasescolas budistas, fora o Prasangika-Madhyamika, rotulam esta mãe com nomes tão divergentes como mencionado anteriormente, eles são incapazes de identificá-la. É por isso que as escolas Vaibhashika e Sautrantika são comparadas a alguém que descreve um elefante branco parecido com calcário como um ruggido de tigre, pois eles sustentam que a matéria externa é realmente existente. O sistema de ensinamentos da escola Chittamatra é como alguém descrevendo o elefante como um macaco louco porque esta escola afirma que o sujeito ou mente existe verdadeira e intrinsecamente. O sistema Svatantrika-Madhyamika é como alguém que descreve o elefante como um urso feroz, uma vez que esta escola nega a verdadeira existência e assim aceita a natureza não-dual de todos os fenômenos, mas mantém que para existir, todos os fenômenos devem existir inerentemente, intrinsecamente ou de seu próprio lado, por si mesmos. |
15.ས་རྙིང་ཀར་འབྲུག་གི་མཁས་གྲུབ་མང་པོས།།
གསལ་སྟོང་འཛིན་མེད་ཀྱི་རང་གི་རིག་པ།།
ཀ་དག་ལྷུན་གྲུབ་ཀྱི་ཀུན་བཟང་རང་ཞལ།།
མ་བཅོས་ལྷན་སྐྱེས་ཀྱི་ཕྱག་རྒྱ་ཆེན་པོ།།
15. Da mesma forma, muitos estudiosos e meditadoresdas escolas Sakya,
Nyingma, Karma e Drukpa orgulham-se de suas diversificadas terminologias:
como «consciência autocognitiva », livre de sujeito, vazia e luminosa;
«a Natureza Primordial pura e espontanea», a verdadeira face de Samantabhadra[12]»,…
16.ཡོད་མིན་མེད་མིན་གྱི་ཁས་བླང་བྲལ་སོགས།།
སྣ་ཚོགས་ཐ་སྙད་ཀྱི་ཞལ་ཕོ་སྒྲོགས་ཀྱང་།།
གཤིས་ལུགས་ཐིགས་པོ་ཞིག་ཡིན་ན་ལེགས་ཏེ།།
མཛུབ་མོ་འཛུགས་ས་དེ་ཅི་ཞིག་ཡིན་ཨང་།།
- …«Mahamudra», a natureza inata não fabricada (pura);
«nem é nem não é», ou ser desprovida de qualquer referencial.
Todas estas descrições são esplêndidas se atingirem o objetivo,
Porém, me pergunto, a que coisa todos vocês estão indicando!
|
15 e 16 – Da mesma forma, muitos estudiosos e meditadores entre as tradições Sakya, Nyingma, Karma Kagyu e Drukpa Kagyu se orgulham de sua terminologia diversificada descrevendo o modo último de existir dos fenômenos. Por exemplo, os Sakyapas, que são seguidores de mestres como Sakya Pandita Kunga Gyaltsen[13] (1182-1251) — o quarto dos cinco pais fundadores da tradição Sakya — e Tsarchen Losel Gyatso[14] (1502-1566) — o fundador da subescola Tsar do tradição Sakya, afirmam que o modo último de existir dos fenômenos se refere ao”consciência reflexiva” que é livre de sujeito, vazia e luminosa. Os Nyingmapas, que são seguidores de Padmasambhava[15] (século 8 CE) —um dos fundadores do budismo no Tibete, descrevem o modo último de existir como ! Natureza Primordial pura e espontânea” que é a verdadeira face de Samantabhadra. Os Karma Kagyupas que são seguidores de mestres como Düsum Khyenpa[16] (1110-1193), o primeiro Karmapa, e o Drugpa Kagyupas, que são seguidores de mestres como Tsangpa Gyare Yeshe Dorje[17] (1161-1211), a primeira Gyelwang Drugpa[18], sustenta que o modo último de existir refere-se a ! mahamudra“, a natureza inata e não-fabricada. Os seguidores de Zhang Thang Sagpa Chungnä Yeshe[19] (c. 1080-1150), que foi discípulo do Patsab Nyima Drakpa[20] (c. 1055-1145) sustentam que !nem é nem não é” ou ser desprovido de qualquer referencial é o modo último de existir dos fenômenso. Todas estas descriçõessão esplêndidas se atingirem o objetivo, porém, a que coisa que todos vocês estão idicando com suas explicações sobre o modo último de existir! |
- ཕྱི་དོན་མ་བཤིག་པས་བློ་ཚུབ་མི་དགོས།།
དོན་སྨྲ་སྡེ་གཉིས་རྣམས་དགྱེས་དགྱེས་མཛོད་ཅིག།
རང་རིག་མ་ཡིན་ཀྱང་ཚད་གཞལ་འཐད་པས།།
རྣམ་རིག་སྨྲ་བ་ཀུན་དག་དགྱེས་དགྱེས་མཛོད་ཅིག།
རང་མཚན་མ་གྲུབ་ཀྱང་བཀ་རྟེན་འབྲེབྲེལ་བཀྲ་བས།།
ཤར་གསུམ་མཁན་པོ་ཀུན་དགྱེས་དགྱེས་མཛོད་ཅིག།
- A matéria ou objeto externo não se descontroem.
Ó, Vaibhashikas e Sautrantikas, não se preocupem e fiquem satisfeitos.
Embora não haja uma consciência autocognitiva[21], a cognição e aquilo cognizado são aceitáveis -
Então, fiquem satisfeitos todos vocês Vijnanavadins.
Na ausência da natureza intrínseca, a originação interdependente,
continua sendo evidente…
Portanto, Ó três mestres orientais, [vocês] também fiquem satisfeitos.
|
Mesmo na ausência de matéria externa verdadeiramente existente, que é feita de partículas sem partes e não depende da mente, a matéria externa não é desconstruída. Vaibhashikas e Sautrantikas, não se preocupe. Fiquem satisfeitos, visto que apenas a matéria externa aparente existe. Embora não haja reflexividade ou cognição e não exista uma mente verdadeiramente existente – todos os Vijnanavadins ou Chittamatrins, fiquem satisfeitos porque a cognição válida e aquilo que é cognoscível são sustentáveis. Ainda que na ausência de natureza intrínseca, todos os fenômenos careçam de existência intrínseca, visto que os fenômenos são meramente rotulados, seus surgimentos interdependentes permanecem evidentes. Ó, três mestres orientais, fiquem também satisfeitos. |
- གསལ་སྟོང་མི་འགལ་བས་བཟུང་ཀྱང་ཆོག་གི།
སློབ་བཤད་རྒྱུད་འཛིན་རྣམས་དོགས་ཆུང་མི་དགོས།།
ཀ་ནས་དག་ན་ཡང་བཟང་ངན་འཐད་པས།།
རིག་འཛིན་ཞིག་པོོ་རྣམས་བཟང་ཞེན་མི་དགོས།།
- A [natureza] clara e a vaziedade podem ser sustentadas sem contradição —
então, vocês detentores da linhagem dos discípulos da instrução, não fiquem apreensivos.
Embora primordialmente puro, bom e mau são viáveis;
então, vocês iogues vidyadhara, não precisam se apegar a pureza.
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Comentário de S.S o Dalai Lama O Dalai Lama diz que “A [natureza] clara e a vaziedade” é um conceito que aparece no LAMDRE da escola Shakya, na seção que explica a indivisibilidade do samsara e do nirvana. A [natureza] clara se refere à clara luz do sujeito revelada no terceiro giro da roda do Dharma, enquanto a vaziedade é a clara luz do objeto que mencionado no segundo. |
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| Comentário de Geshe Tempa
Uma vez que as verdades convencionais e últimas são de uma natureza e inseparáveis, a [união da]natureza clara da mente e a vaziedade da mente podem ser sustentadas sem nenhuma contradição. Portanto, Sakyapas, detentores da linhagem dos discípulos da instrução do grande tantra, não precisam ser ficar apreensivos. Embora, por sua natureza,a mente seja primordialmente pura, bom e mau, ou seja, estados mentais benéficos e prejudiciais são viáveis. Assim, iogis vidyadhara[22] da tradição Nyingma não precisam se apegar a pureza da mente. |
Dalai Lama:” dos versos19 à 24, o texto fala sobre o significado do terceiro giro da roda do Dharma.
- བཅོས་ནས་བསྒོམ་ན་ཡང་ལྷན་སྐྐྱེས་འཆར་བས།།
རྟོག་ལྡན་རྒན་པོ་རྣམས་ཨུ་ཚུགས་མི་དགོས།།
ཡོད་མེད་སྤྲོས་བྲལ་དེ་ཁས་བླང་ཆོག་པས།།
རྟོག་གེ་མགོ་མཁྲེཁྲེགས་རྣམས་ཚབ་ཚེདུབ་མ་བྱེད།།
19. Uma vez que a natureza inata pode despertar mesmo por meio da meditação artificial,
Então, vocês meditadores idosos, não precisam ser persistentes.
Visto que se pode manter a ausência de elaboração de existência e não existência,
Então, vocês lógicos teimosos, não precisam se preocupar.
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Visto que a natureza inata de luz clara da mente pode surgir mesmo por meio da meditação artificial (ou seja, a meditação de um iniciante que requer mais esforço e carece da espontaneidade de uma meditação avançada) — então, meditadores realizados das tradições Karma Kagyu e Drugpa Kagyu, vocês não precisam ser persistentes, ou seja, insistir visto que este não é o caso. Uma vez que se pode sustentar que a vaziedade é a ausência de elaborações de existência intrínseca e a inexistência completa – lógicos teimosos que são seguidores de Zhang Thang Sagpa, vocês não precisam se preocupar. Simplesmente discordamos que “(1) não existente, (2) não inexistente”, (3) não ambos — existente e inexistente, e (4) não nem existente e não inexistente” — ou seja, ser desprovido de um referencial — refere-se ao modo último de existir dos fenômenos. De acordo conosco, é contraditório ter um referencial que se deve ser desprovido de um ponto de vista ou referencial para perceber esse modo de existência. |
- འོན་ཀྱང་གཞུང་ལུགས་ལ་སྦྱངས་པ་ཆུང་རྣམས།།
ཐ་སྙད་སྦྱོསྦྱོར་ཚུལ་ཞིག་མ་མཁྱེན་ཡིན་སྲིད།།
ཁོ་བོ་ཁྱེད་ཅག་ལ་མི་གུས་མ་ལགས།།
ཕོག་ཐུག་བྱུང་ན་ནི་བཟོད་པར་མཛོད་ཅིག།
20. Tudo isso pode ter evoluído do não conhecer o uso adequado
das convencionalidades por aqueles carentes em conhecimentos.
Minha inteção não foi faltar com o respeito.
Por favor, perdoe-me, não quis ofender ninguém.
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Sobre mestres Nyingma como o Segundo Buddha Padmasambhava, mestres Kagyu como o grande Marpa Chokyi Lodro20 [23](1012-1097), e os mestres Sakya como os mais Sachen Kunga Nyingpo[24] (1092-1158) — o primeiro dos cinco pais fundadores do Sakya tradição — não há a menor dúvida de que as exposições desses mestres (também como as dos mestres mencionados nos versos 15-16) estão livres de erros. No entanto, todos os meus comentários anteriores são direcionados a comentários que podem ter evoluído devido ao não conhecer o uso adequado das convencionalidades por aqueles carentes em conhecimentos. Minha inteção não foi faltar com o respeito. Por favor, perdoe-me, não quis ofender ninguém |
- ཁོ་བོ་ཀུན་ཤེས་ཀྱི་ཤར་པོ་མིན་ཡང་།།
ཕ་མེས་གཞུང་ལུགས་ཀྱི་རྟ་ཕོ་བཟང་པོ།།
རྟག་སྦྱོར་གུས་སྦྱོར་གྱིས་བཞོན་ཚུལ་མཁས་པས།།
གཅིག་རྡུགས་འཕྲང་ལས་ནི་ཐར་བར་རེའོ།།
21. Embora não esteja entre os oniscientes, porém, visto que treinei
— com esforço persistente e entusiasta—cavalgar
o nobre cavalo dos tratados de meus ancestrais.
Portanto, espero superar o penhasco desafiador.
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Considerando às diferentes escolas budistas e à totalidade das palavras de Buddha e os tratados budistas, eu não estou entre os omniscientes. Porém, visto que treinei com esforço persistente e entusiasta, —cavalgar o nobre cavalo dos tratados de meus ancestrais, Nagarjuna, Chandrakirti e Lama Tsongkhapa. Portanto, espero superar o penhasco desafiador da intelectualidade adquirida e das visões erradas inatas. |
- འཚོལ་དགོས་མི་འདུག་སྟེ་འཚོལ་མཁན་རང་ཡིན།།
བདེན་པར་མི་ཞེན་ཏེ་བརྫུན་པ་ཉིད་ཡིན།།
བརྫུན་པ་མི་འགོག་སྟེ་བདེན་པ་རང་ཡིན།།
ཆད་མིན་རྟག་མིན་ལ་ངལ་གསོས་ཆོག་གོ།
- Nenhuma procura é necessária, pois o procurador é o procurado.
Nunca se deve apegar à verdade, pois esta é falsa.
No entanto, não renegue o falso, pois é a própria verdade.
E podemos repousar naquilo que não é nem o eternalismo nem o niilismo.
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Nenhuma procura é necessária significa que não é necessário ir a outro lugar para procurar pela mãe, a existência não inerente da mente, pois o procurador, a mente, é inseparável daquilo que é procurado – a existência não intrínseca da mente. Nunca se deve apegar a originação interdependente do fenômeno convencional como sendo verdadeiro, ou seja, a verdade última, pois é falsa, visto que não existe do modo como aparece. No entanto, não renegue ou se afaste da existência deste fenômeno convencional, esta falsidade que surge interdependentemente, pois éuma verdade convencional. Desta maneira, podemos repousar nesta esfera da vaziedade que é livre dos extremos do niilismo e do eternalismo e, portanto, não é nada nem absoluto. |
- ཨ་མ་མ་མཐོང་ཀྱང་མིང་ཙམ་ཞིག་གིས།།
ཕ་མ་དྲིན་ཅན་དེ་ཡུན་རིངྟ་སྟོར་བ།།
གན་ན་འདུག་པ་བཞིན་འཕྲད་པར་སྣང་གི།
- Embora eu possa não ver a minha mãe diretamente,
ao [ouvir] seus meros nomes, sinto que acabei
de encontrar meus pais afáveis que há muito os tinha perdido;
é como se eles estivessem aqui ao meu lado.
| Embora eu possa não ver, ou seja é, perceber diretamente a minha mãe, a vaziedade, sinto que acabei de encontrar meus pais afáveis que há muito eu os tinha perdido, originação interdependente e vaziedade. Ao ouvir seus meros nomes, ou seja, ao apreendê-los conceitualmente por meio de uma imagem genérica, compreendo a inseparabilidade destes, é como se eles estivessem aqui ao meu lado. |
- ཀླུ་སྒྲུབ་ཡབ་སྲས་དེ་བཀའ་དྲིན་ཆེའོ།།
བློ་བཟང་གྲགས་པ་དེ་བཀའ་དྲིན་ཆེའོ།།
དྲིན་ཅན་བླ་མ་དེ་བཀའ་དྲིན་ཆེའོ།།
བཀའ་དྲིན་གཟོ་ཐབས་སུ་ཨ་མ་མཆོད་དོ།།
24. Grande é de fato a gentileza
de Nagarjuna e seus sucessores.
Grande de fato é a gentileza de Losang Drakpa.
Grande de fato é a gentileza do meu Guru.
A fim de retribuir a afabilidade deles, reverenciarei a mãe.
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Grande de fato é a gentileza de Nagarjuna e seus sucessores, Aryadeva, Buddhapalita e Chandrakirti. Grande de fato é a gentileza de Lama Tsongkhapa Losang Drakpa. Grande de fato é a gentileza de meu Guru, o Sétimo Dalai Lama, Kelsang Gyatso. Para retribuir a afabilidade deles, reverenciarei minha mãe meditando sobre ela. |
- སྐྱེ་མེད་བརྗོད་བྲལ་གྱི་ཨ་ཨ་མ་རྒན་མོས།།
རིག་པའི་བུ་ཆུང་དང་ལྷན་ཅིག་འཛོམ་ནས།།
ཀུན་བཟང་སྤྱོད་པ་ཡི་དགའ་སྟོན་ཆེན་པོས།།
མ་རྒན་འགྲོ་བ་ཀུན་གཏན་བདེར་འཁྲིཁྲིད་དོ།།
25. Pela celebração alegre de todos os atos [dos seres] nobres, e
Pelo encontro do “RIGPA”[25] da pequena criança
com sua incriada e inexpressiva velha mãe,
que todos os seres-mãe possam ser direcionados à alegria duradoura.
| Comentário de S.S, o Dalai Lama
Verso 24, a mãe incriada e inexpressiva seria o sujeito mencionado no segundo giro da Roda do Dharma. O RIGPA da pequena criança seria o sujeito do terceiro giro da Roda do Dharma – a luz clara.
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| Comentário de Geshe Tempa
Mediante o encontro da pequena criança – Rigpa [a consciência que compreende a sua própria vaziedade] – com sua incriada e inexprimível velha mãe e por meio da conseqüente regozijo por todos os atos dos nobres Bodissatvas que são uma união de método e sabedoria transcendente, possa todos as minhas mães seres sencientes que me demonstraram grande amor afável desde tempo imprincipiável, serem conduzidas com facilidade à felicidade duradoura dos dois corpos resultantes de um Buddha. |
- ཨེ་མ་ལ་ལ་རོལ་པའི་རྡོརྡོ་རྗེ།།
ཨ་འོ་ལ་སྐྱིད་པའི་རྐང་བྲོབྲོ།།
འོ་ན་ལ་ལ་འདི་རུ་བརྡུངས་ནས།།
ཨ་ཧོ་ཡ་དཀོན་མཆོག་མཆོད་ད་དོ།།།།
- Ah! Eu, Rolpai Dorjé,
apresento aqui e agora
uma dança de alegria extasiante
e reverencio as Três Jóias.
| Ah! Eu, Rolpai Dorjé, apresento aqui e agora em meu local de retiro na sagrada montanha Wutai Shan uma dança de alegria extasiante por espanto e admiração pela visão da vaziedade e da originação interdependente, e enquanto mantenho esta visão em meu coração, eu reverencio as Três Jóias. |
ཞེས་ཨ་མ་ངོ་ཤེས་ཀྱི་བརྫུན་ཚིག་བྲག་ཆའི་སྒྲ་དབྱངས་འདི་ཡང་དབུ་མ་ཆེན་པོ་ལ་ལ་མྷག་པར་ལོས་
པའི་ལྕང་སྐྱ་རོལ་པའི་རྡོརྡོ་རྗེས་སྤྲུལ་པའི་གནས་མཆོག་རི་བོ་རྩེ་ལྔར་སྨྲས་པའི་གེ་པ་ནི་དགེ་ས་དག་
དགློང་དགེ་ལེགས་ནམ་མཁའོ།།།།
Estas poucas linhas enganosas descrevendo o reconhecimento de minha mãe intitulada “As Melodias de um Eco” foram escritas por Changkya Rolpai Dorjé, alguém com profunda admiração pelo grande Caminho do Meio, na milagrosa e sagrada montanha Wutaishan (Montanha Mística dos Cinco Picos). O escrivão foi Bhikṣu Gelek Namkha.
Tradução rascunho para o português de @Bia Bispo 2021 doTibetano com o apoio do espanhol e inglês.
NOTAS:
[1]Wyl. lta mgur a ma ngos ‘dzin
[2]Wyl.lcangskyarolpa’irdorje
[3]Wyl. dag yigmkhaspa’i ‘byunggnas
[4]Wyl.dgon lung byams pa gling.
[5]Wyl.ribortselnga, Five-Peak Mountain.
[6]Wyl.kun mkhyen ‘jigs med
[7]Wyl.mkhanzurbstan pa bstan ‘dzin.
[8]Em um ensino sobre o Reconhecendo minha Mãe em 14 de dezembro de 2019 no Mosteiro Drepung Gomang, Sua Santidade o Dalai Lama disse que o Sétimo Dalai Lama, Kelsang Gyatso era o principal mestre espiritual de Changkya Rölpai Dorjé.
[9]Wyl. yum gyi mdo
[10]Vijnanavada ou Chitamatra ou Yogachara/. Esta escola foi fundada, de acordo com a tradição, pelos irmãos Asanga e Vasubandhu (século IV/5 CE) e por Shiramati (século VI). https://www.britannica.com/topic/Buddhism/Yogachara-Vijnanavada-Faxiang-Hosso
[11]Esta enumeração dos três mestres orientais é de acordo com o comentário de Kunkhyen Jigme Wangpo. O comentário de Khenzur Tenpa Tenzin lista os três mestres como: Bhavaviveka, Jnanagarbha, e Shantarakṣita. Khenzur Tenpa Tenzin também acrescenta Kamalashila mas conta com ele e Shantarakṣita como um mestre.
Os textos mais importantes Svatantrika-Madhyamika desses mestres são A lampada da Sabedoria (por Bhavaviveka), as Duas Verdades do Caminho do Meio (por Jnānagarbha), o Ornamento do Caminho do Meio (por Shntaraksita), e o Esclarecimento do Caminho do Meio (por Kamalashila).
[12]Samantabhadra em Skt.; Tib. Kuntu Zangpo; Wyl. kun tu bzang po – significa ‘bondade absoluta’, ‘bondade contínua’ ou ‘bondade imutável’. Isto significa que essa bondade fundamental imutável e contínua é nossa natureza última. Nos ensinamentos de Dzogchen, nossa verdadeira natureza prístina, pura e espontânea, essa ‘Esfera ou Base de Tudo’, recebe o nome de ‘Adi-Buddha’ – ‘Buddha Primordial’. Samantabhadra representa a pureza primordial absoluta, deslindada ou desnuda e semelhante ao espaço cognizante da natureza de nossa mente. Outro termo comum é Dharmakaya Buddha.
[13]Wyl. sa skya paṇḍita kun dga’ rgyal mtshan
[14]Wyl.tsharchenblogsalrgyamtsho
[15]Wyl.Pad-ma ‘byunggnas
[16]Wyl.dusgsummkhyen pa
[17]Wyl.gtsang pa rgyaras ye shesrdorje,
[18]Wyl.rgyaldbang ‘brug pa
[19]Wyl.zhangthang sag pa byunggans ye shes
[20]Wyl. pa tshab nyi ma grags pa
[21]J. Hoplkins: consciência autocognitiva; autocognição perceptiva; autoconhecedor. Definição: (uma cognição) que apreende o aspecto do (objeto).
[22]Dentro da tradição Dzogchen, o termo tibetano rigdzin (Wyl. rig ‘dzin) – Skt. vidyadhara – tem sido usado desde aproximadamente o século XIV para descrever alguém que, segundo Dilgo Khyentse Rinpoche, reside constantemente no estado de pura consciência do “rigpa” (Wyl. rig pa, Skt. vidya), ou seja, a natureza mais íntima da mente “a consciência prístina Intrínseca” ou “consciência pura” – denota a mente inata em seu estado natural prístino de espontaneidade e pureza.
[23]Wyl. mar pa chos kyi blo gros
[24]Wyl.sachen kun dga’ snyingpo
[25]Este termo tem vários significados dependendo do contexto. Geralmente pode ser sinônimo de inteligência ou aptidão mental, mas também transmite o significado de ciência ou ramos do conhecimento. No contexto do verso significa “consciência prístina Intrínseca” ou “consciência pura” e denota a mente inata em seu estado natural prístino de espontaneidade e pureza, que vai além dos estados alternados de movimento e repouso e da dualidade sujeito-objeto.
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