Os Cinco Caminhos Hinayana E Mahayana
por Geshe Nawang Dargye – LTWA – PARTE 2
OS CINCO CAMINHOS DO MAHAYANA
ཐེག་ཆེན་གྱི་ལམ་ལྔ་།
O Mahayana é chamado “grande” pelas seguintes razões:
- O objetivo é grande, porque é para o benefício de todos os seres sencientes.
- O objetivo é grande, pois leva ao estado onisciente.
- O esforço é grande.
- O objetivo final é grande, é o Estado Búdico e não a mera liberação do samsara.
- A preocupação é grande, visto que é para todos os seres sencientes.
- O entusiasmo é grande, pois a prática não é vista como uma dificuldade.
O objetivo dos Bodhisattvas é encontrar oportunidades para ajudar os outros e eles se alegram em fazê-lo, enquanto o objetivo daqueles dos veículos menores é a realização individual.
Há duas formas de praticar o desenvolvimento espiritual dentro do Mahayana que são chamadas: paramitayana (ཕར་ཕྱིན་ཐེག་པ་) e mantrayana ou tantrayana (སྔགས་ཀྱི་ཐེག་པ་). Ambos seguem os cinco caminhos do Mahayana (ཐེག་ཆེན་གྱི་ལམ་ལྔ་). O primeiro é comparado como seguir uma rota rotatória até o seu destino e o segundo é como seguir todos os atalhos. Porém, antes de enveredar na prática do veículo tantra, é preciso ter uma compreensão geral clara do paramitayana, dos cinco caminhos e dos dez terrenos ou estágios do Bodhisattva. A palavra tibetana para estes caminhos é ‘sa-lam’ (ས་ལམ་) que literalmente significa “terrenos ou estágios e caminhos”. Estes são chamados “estágios” porque cada estágio é uma base para a sabedoria que apoia os ulteriores crescimento da visão profunda. “Caminho” [a nível mental] aqui significa o desenvolvimento de um estado de consciência conseguido por meio da realização da renúncia. Neste contexto, “caminho”, “estágio” e “sabedoria” têm todos o mesmo significado.
- O CAMINHO DA ACUMULAÇÃO (ཚོགས་ལམ།)
Durante este caminho inicial, ao meditar sobre o sofrimento de todos os seres, desenvolve-se o amor afável e a compaixão. Não podendo suportar seus sofrimentos, gera-se um forte desejo de liberar todos os seres sencientes e, no momento em que este caminho é atualizado, tem-se um firme desenvolvimento da bodhicitta.
Portanto, a bodhicitta, neste ponto, não é uma motivação imaginada, mas uma motivação natural que sempre estará presente na mente de quem a gerou. Desde este ponto até a iluminação, a bodhicitta continuará sempre crescendo e será o impulso para realizar uma sabedoria transcendente cada vez maior mediante o ouvir, contemplar e meditar [sobre os ensinamentos]. A prática de acumular mérito combinada com esta sabedoria é a verdadeira base para todo o desenvolvimento espiritual futuro.
O caminho da acumulação é dividido em três fases[1]de desenvolvimento. A bodhicitta e os quatro objetos de contemplação plena são alcançados durante a fase inicial (ཚོགས་ལམ་ཆུང་ངུ་). Os quatro objetos de contemplação são o corpo (ལུས་), as sensações (ཚོར་བ་), a mente (སེམས་), e todos os fenômenos (ཆོས་). O praticante medita no corpo para perceber sua impureza; nas sensações para perceber que todas estas são insatisfatórias; na mente para perceber que é uma seqüência de mudanças momentâneas (e com isto se muda a crença de que tudo é permanente); e em todos os fenômenos para compreender a ausência de uma existência intrínseca destes. As características de impermanência, sofrimento, vaziedade e não auto existência são encontradas em cada um desses objetos.
Ao meditar atentamente sobre o corpo, obtém-se uma compreensão clara da primeira nobre verdade–a verdade do sofrimento. A maioria das pessoas são apegadas à seus próprios corpos temporais e desejam uma vida permanente, porém, por meio desta meditação se desenvolve um forte desejo de liberação.
Isto nos leva a procurar pela causa do sofrimento, e ao meditar sobre as diferentes sensações, percebe-se que o sofrimento é causado pelos desejos exacerbados que surgem a partir destas sensações. A sensação em si não é a causa (Buddha também tem sensação), mas é preciso abandonar qualquer sensação prazerosa ou de tristeza que causem esses desejos exacerbados.
Depois de reconhecer esta segunda nobre verdade –a causa do sofrimento–o praticante medita na mente e, assim, ganha-se uma visão profunda da terceira nobre verdade–a cessação do sofrimento. Por meio disso ele compreende que não existe uma entidade intrínseca do indivíduo (“eu”) que seja permanente e independente, mas o que existe é um “indivíduo” momentâneo e relativo [baseado nos seus agregados, nome etc.].
O quarto objeto de contemplação inclui todos os fatores mentais, exceto a sensação. Meditando sobre os estados virtuosos e não-virtuosos dos fatores mentais e como estes pesam na mente, o praticante vê as razões para seguir a virtude, e assim chega-se a uma compreensão da verdade do caminho para a cessação do sofrimento–a quarta nobre verdade.
Há muitas razões para se meditar sobre o corpo. Quando este é reconhecido como a fonte do sofrimento, cresce a vontade de cortar a corda do karma e livrar-se das ilusões que nos amarram. A pessoa pode se orgulhar de sua forma física pura, mas se cada parte do corpo for examinada, percebe-se que a beleza pertence apenas à pele que o cobre.
Se toda a massa corpórea for retirada do seu invólucro de pele, a pessoa irá se revoltar com isso. Somente a pele, a forma e a vida são atraentes; se a pessoa vê um cadáver ou um esqueleto, sentirá repulsão. Então, deve-se estar constantemente atento em cada fase desenvolvida durante estas meditações.
O estudo da Natureza Búdica ou a Linhagem de Buddha (སངས་རྒྱས་ཀྱི་རིགས་པ་) constitui um complemento dos cinco caminhos. A mente é temporariamente obscurecida por um véu de ilusão que pode ser removido. Para remover esse véu é preciso saber quais os caminhos a seguir.
Todos os ensinamentos lidam com os três aspectos principais do caminho[2], a essência do Dharma. Para alcançar o primeiro caminho [acumulação] é preciso ter uma compreensão relativa destes três aspectos. Somente quando o praticante desenvolveu a pura renúncia e se busca a liberação ou a iluminação, é que ele entra neste caminho.
Há muitos métodos para obter prosperidade, porém, somente a prática interior doa ao praticante a verdadeira felicidade. Para isso, é preciso confiar nos ensinamentos externos (orais e escriturais), cujos conceitos devem ser incorporados à própria prática individual.
É preciso desenvolver a compreensão dos três aspectos principais do caminho e alcançar a perfeita renúncia para o bem de todos os seres sencientes. Quando isto é completado, se diz que o caminho da acumulação foi alcançado.
A contemplação dos cinco caminhos também ajuda a entender os Três Refúgios [Buddha, Dharma e Sangha]. Ao meditar sobre as qualidades dos seres Aryas [sangha], compreende-se que, primeiramente eles alcançaram o caminho da acumulação e, para ter fé profunda neles, é preciso conhecer o que eles alcançaram e como alcançaram. Com a compreensão dos cinco caminhos e dos dez estágios do Bodhisattva, tem-se um claro esboço do que se estará fazendo no futuro e quais os obstáculos que poderão apresentar-se. Todos os caminhos e estágios são experimentados por um fluxo contínuo de consciência[3]; isto é, não há pausas de um nível para o outro.
Quando a fase intermediária do caminho da acumulação (ཚོགས་ལམ་འབྲིང་པོ་) for completada, não se tem mais pensamentos egoístas (tais como aquela de se preocupar somente pela própria liberação) e são alcançados os quatro tipos de abandono completo. Estes quatro incluem:
- O abandono das ações não-virtuosas antes que estas ocorram.
- O abandono das ações não-virtuosas que ocorrem na mente.
- A geração, na mente, das ações virtuosas que ainda não foram geradas.
- O cultivo das ações virtuosas que já foram geradas na mente.
Antes de alcançar qualquer um dos caminhos, é preciso ser capaz de discernir entre pensamentos e ações virtuosas e não-virtuosas. Uma simples guia é [pensar] “qualquer não-virtudes cometida resulta em infelicidade e qualquer ação virtuosa é causa de felicidade”. Ao meditar sobre os efeitos de diferentes ações, tanto virtuosas quanto não virtuosas, obtém-se uma compreensão clara do que significa virtude e não-virtuosidade. Ao conhecer seus efeitos, evita-se a não-virtude, assim como se evitaria entrar num carro com um motorista embriagado.
A compreensão das quatro nobres verdades conquistadas durante a fase inicial induz a perseverança entusiástica para atingir os quatro tipos de abandono. A bodhicitta desenvolvida durante a fase inicial é como a terra, o alicerce de todas as outras conquistas e esta é comparada ao ouro puro. Durante a fase inicial, se o praticante encontra-se com uma pessoa muito má e sente-se que de forma alguma não pode ajudá-la, a bodhicitta [gerada nesta fase] será destruída podendo fazer com que o praticante volte ao caminho Hinayana. Já, durante a fase intermediária, não há mais o perigo de que isso aconteça.
Uma vez alguém se aproximou de Shariputra, um dos principais discípulos de Buddha Shakyamuni, e lhe pediu sua mão direita. Shariputra imediatamente a cortou e a estendeu com sua outra mão. Na verdade, essa pessoa era uma manifestação de um mara,[4] e então recusou a aceitá-la, visto que Shariputra foi tão indelicado a ponto de lhe doar a mão [direita] com sua mão esquerda. Shariputra então ficou muito desanimado e se perguntou: “Como posso desenvolver bodhicitta quando existem pessoas tão más no mundo?”. Tão logo esta atitude mental surgiu, sua bodhicitta desvaneceu e ele retornou ao caminho do Hinayana. Se a bodhicitta desvaneceu mesmo para ele, devemos ser ainda mais cuidadosos para guardar nossa bodhicitta numa época em que o mundo está tão cheio de pessoas más.
Quando o Pandit Dignaga começou a escrever seu grande texto sobre lógica, primeiro escreveu a saudação aos objetos de refúgio e depois teve que sair por um curto período de tempo. Enquanto isso, um não-budista veio e apagou o que ele havia escrito. Então, quando voltou, ele o escreveu novamente. E novamente o não-budista o apagou. Dignaga então o desafiou a sair em campo aberto e debater com ele. O desafio foi aceito, mas quando o não-budista foi derrotado por Dignaga, ele vingou-se produzindo fogo de sua boca e queimando o manto de Dignaga. Em desespero, Dignaga jogou sua lousa no ar, dizendo que se ela caísse na terra, ele seguiria o caminho Hinayana. Então, Manjushri apareceu e a segurou no alto, enquanto lhe orientava com seus conselhos. Isso mostra que deve-se seguir a conduta do Bodhisattva principalmente no momento em que se confronta com aqueles que são rudes e deleitam em fazer mal.
Durante a fase final do caminho da acumulação (ཚོགས་ལམ་ཆེན་པོ་), o praticante alcança os quatro estágios de samadhi. Isto é literalmente chamado de “as quatro pernas ou causas dos milagres” (རྫུ་འཕྲུལ་གྱི་རྐང་པ་བཞི་)[5]. Estas são as quatro causas ou “pernas” principais que sustentam a plena realização da concentração unifocada, embora, além disso, haja muitos outros fatores envolvidos. A esse ponto, pode-se então “viajar” às esferas celestes para fazer oferendas e adquirir méritos. Também todos os próprios amigos espirituais e as estátuas de Buddha são vistos como verdadeiros Buddhas ( e não apenas em sua forma prdinária, mas no nirmanakaya).
Nesta fase a bodhicitta [no continuum mental do praticante] é como uma lua nova, que vai aumentando constantemente até a iluminação total.
Ao percorrer todos os cinco caminhos, é necessário o uso do poder do samadhi, e isto também é alcançado durante esta fase inicial. Os quatro graus do samadhi são definidos como “conhecimento meditacional que possuem os oito poderes de concentração unifocada, estando desprovidos das cinco interferências”. Estes incluem o seguinte:
- O samadhi da intenção. Esta é como a madeira necessária para construir uma fogueira. É uma forte intenção de alcançar o samadhi.
- O samadhi da perseverança entusiástica.
- O samadhi da mente. Esta é a realização do potencial inerente da mente.
Sakya Pandita escreveu: “Mesmo que você morra amanhã, nunca pare de meditar ou adquirir novos conhecimentos”. Não exija resultados nesta vida, mas saiba que ao meditar se ganhará familiaridade com a prática que garantirá um rápido progresso na próxima vida.
- O samadhi da análise. Com esta habilidade, examina-se e testa-se os ensinamentos sobre o samadhi dados pelo guru. Também se testa o próprio nível de realização do samadhi, observando as interferências e aplicando habilidosamente os antídotos que ajudam no progresso do caminho.
Assim como o amor afável e a compaixão são chamados de conquistadores, visto que aqueles que os alcançam se tornam conquistadores, também muitos termos, inclusive os quatro acima, se referem tanto às causas quanto aos seus resultados.
A razão para aprender sobre estas fases do caminho da acumulação é se familiarizar com o desenvolvimento progressivo do praticante. Durante a fase inicial, tem-se as sementes para as realizações das três fases seguintes, porém, falta o poder necessário para realizá-las. Ao desenvolver uma contemplação próxima sobre os quatro objetos[6], ganha-se a compreensão das quatro verdades nobres, o que leva ao alcance do poder do abandono. As duas primeiras nobres verdades devem ser abandonadas e as duas últimas devem ser adotadas ou cultivadas. O objetivo dos quatro graus do samadhi é atingir o poder de abandonar kleshas ou aflições mentais grosseiras e todo apego aos prazeres samsáricos.
Os sinais das várias fases são experienciados à medida que o praticante vai progredindo através delas. Com a realização da fase inicial, ele tem uma compreensão completa, quase instintiva, de quais atos são negativos e se estabelece firmemente naqueles que são positivos. Durante a fase intermediária, o praticante segue minuciosamente o desenrolar da causa e resultado e ao estar constantemente consciente disso, todas as ações tornam-se positivas. Na fase final, o praticante atinge a capacidade de permanecer no samadhi em todos os momentos. Sempre que ele desejar fazer a análise de qualquer coisa, o total poder de concentração está presente para ser usado. Também ele tem “a capacidade de meditar no fluxo de conhecimento” (ཆོས་རྒྱུན་གྱི་ཏིང་ངེ་འཛིན་), nunca esquecendo nenhum dos ensinamentos que ele recebeu. Finalmente, é possível ouvir mestres espirituais e Buddhas enquanto os vêem em suas formas iluminadas.
Duas pessoas que alcançaram o caminho da acumulação podem sentir as vibrações físicas uma da outra e instintivamente reconhecer a realização uma da outra, enquanto que uma a um realização espiritual inferior não pode fazê-lo.
Quando este caminho acumulação tiver sido plenamente alcançado, o praticante deve interromper a meditação e adquirir muito mérito por meio de práticas preliminares (tais como prostrações, oferecer o mandala e fazer prática do refúgio ou amparo nas Três Jóias). Depois disto, ele deve começar a meditar sobre vaziedade e assim entrar no próximo caminho ou seja no Caminho da Preparação.
- O CAMINHO DA PREPARAÇÃO (སྦྱོར་ལམ།)
Os dois primeiros dos cinco caminhos são chamados de “caminhos dos indivíduos comuns”. A diferença entre o primeiro e o segundo caminho é como a diferença entre a terra e o espaço. Embora a prática permaneça praticamente a mesma, porém, durante o segundo caminho o praticante desenvolve uma percepção muito maior da vaziedade. O caminho da preparação inclui todos os níveis de desenvolvimento desde a obtenção da sabedoria que é adquirida por meio da meditação na fase do “calor” até aquela obtida no fase chamada “Dharma mundano supremo”. O pleno desenvolvimento da sabedoria que reflete sobre as coisas do samsara é completado durante este caminho.
Conforme o progresso vai sendo desenvolvido ao longo do caminho da preparação, as forças mentais do praticante crescem e a mente se purifica. Quando este caminho é completado, o caminho samsárico chega ao fim e começa o caminho dos seres Aryas.
O caminho da preparação é composto de quatro fases, classificadas de acordo com o grau de percepção da vaziedade.
- A sabedoria [que compreende a vaziedade] da fase “calor” (དྲོད་). Esta sabedoria ajuda no abandono das aflições mentais–“kleshas”, mas durante esta fase o praticante ainda pode ter visões errôneas. Da mesma forma que um boxeador pega certos oponentes que podem ser vencidos, mas deixa outros para lutar com um adversário mais forte, também diferentes aflições mentais são combatidas em diferentes fases ao longo dos caminhos, dependendo da potência da força que as contrapõem.
- A sabedoria [que compreende a vaziedade] da fase topo (རྩེ་མོ་). Tendo alcançado a sabedoria unifocada, o praticante abandona totalmente os extremos do niilismo e do eternalismo e assim elimina as sementes das visões errôneas.
- A paciência (ཛོད་པ་). Nesta fase é assegurado que o praticante nunca mais renascerá em nenhum dos três estados inferiores. Todos os medos de perder o apego a uma própria identidade são abandonados, e o praticante tem uma grande capacidade de suportar o sofrimento.
- A sabedoria do supremo Dharma mundano (ཆོས་མཆོག་). O grande valor de ter um corpo humano é ilustrado pelo fato de que esta sabedoria só pode ser alcançada pelos humanos no reino do desejo. Outros seres, como os devas e os que se encontram nos reinos sem forma, não podem realizar esta quarta fase porque eles têm pouco conhecimento do sofrimento e, portanto, um baixo potencial de renúncia. Os seres dos reinos da forma e sem forma não experienciam sofrimentos, mas quando suas vidas chegam ao fim, podem renascer em qualquer reino. Portanto, a forma humana é a mais adequada ou a melhor para alcançar a liberação.
Durante as duas primeiras fases, alcança-se os cinco poderes necessários para o desenvolvimento da compreensão dos seres Aryas. Todas as pessoas possuem esses poderes, porém, este pleno potencial não é manifestado até que este caminho seja alcançado. Estes incluem o seguinte:
- O poder da fé (དད་པའི་དབང་པོ་). Esta é uma forte convicção na verdade da lei de causa e efeito e nas Quatro Nobres Verdades.
- O poder da perseverança tipo armadura (བརྫོན་འགྲུས་ཀྱི་དབང་པོ་). Esta é a perseverança dos Bodhisattvas bem treinados, que têm o desejo de permanecer por eras nos três reinos inferiores de renascimento, se isso for beneficiar mesmo que seja um só ser senciente.
- o poder de ter em mente as características das quatro verdades nobres (དྲན་པའི་དབང་པོ་).
- O poder da combinação de shamatha e vipashyana (ཏིན་ངེ་ཛིན་དབང་པོ་).
- O poder de analisar a natureza vazia das quatro verdades nobres (ཤེས་རབ་ཀྱི་དབང་པོ་).
Estes cinco poderes são desenvolvidos durante o caminho da preparação e são firmemente mantidos até o alcance da iluminação.
As cinco forças, que correspondem diretamente aos cinco poderes, são adquiridas durante as duas fases seguintes deste caminho. Uma vez desenvolvidos os cinco poderes, [7]os seus opostos (como falta de fé, preguiça e assim por diante) talvez só possam surgir durante os períodos pós-meditação. Com o alcance das cinco forças[8], estes não surgem mais em nenhum momento. As cinco forças, inclusive os cinco poderes (mas não vice-versa???) são definidas como tipos de sabedorias que não podem ser dominadas por nada que as contraponham. Estes poderes levam o praticante a um rápido alcance do próximo caminho–o Caminho da Visão–que ocorre durante a meditação no final do caminho da preparação, quando o praticante se sente capacitado para alcançar a realização plena da vaziedade.
- O CAMINHO DA VISÃO (མཐོང་ལམ།)
A definição deste caminho é o entendimento real da verdadeira maneira de existir dos fenômenos, ou a vaziedade. Antes de sua realização, a vaziedade é confundida com a impressão ou imagem genérica (དོན་སྤྱི།) da mesma.
A diferença é como aquela que existe entre recordar o rosto de um amigo e vê-lo efetivamente. A partir do ensinamento ministrado pelo mestre sobre a vaziedade, forma-se uma impressão desta, a qual é confundida com a realização verdadeira da vaziedade. Isto é abandonado quando a vaziedade é experienciada diretamente.
De acordo com os Prasangikas, todos os estados de consciência dos seres ordinários, inclusive as consciências sensoriais deles, são enganosos, e isto se deve a confusão que fazem entre a “verdade” e suas próprias concepções sobre a mesma. Os Aryas, ou aqueles que alcançaram o caminho da visão, têm dois estados de consciência. Eles têm uma compreensão não enganadora da vaziedade, porém possuem a consciência enganadora baseada nas cinco faculdades sensoriais, bem como as aflições mentais devido às impressões kármicas ou tendências kármicas habituais instintivas (བག་ཆགས་)[9].
Alcançar o caminho da visão envolve ver a verdade deslindada pela primeira vez, e é neste caminho que a ignorâncias imputadas (ཀུན་བརྟགས་ཀྱི་མ་རིག་པ་) intelectualmente formadas devido aos raciocínios errôneos, são eliminadas. Por exemplo, quando se vê uma tabela, automaticamente se pensa que esta existe independentemente; esta tendência é chamada de ignorância co-emergente (ལྷན་སྐྱེས་ཀྱི་མ་རིག་པ་). Acreditar confiando em razões que as coisas existem assim como aparecem, são aflições mentais formadas intelectualmente
Ao se alcançar o caminho da visão, o praticante é liberado para sempre de fazer o jogo do karma, que é causado pelo apego exacerbado a uma entidade intrínseca do indivíduo. Depois que o praticante alcançou essa realização [direta], não há chance de renascimento em nenhum dos três reinos inferiores. Uma vez que a força dos ventos kármicos foi destruída, a pessoa tem controle sobre o seu futuro renascimento.
Durante este caminho, as sete causas ou as perfeitas presenças mentais para a iluminação (དྲན་པ་ཡང་དག་བྱང་ཆུབ་ཀྱི་ཡན་ལག) são alcançadas. O termo tibetano para “iluminação” é (བྱང་ཆུབ་). Este é composto de dois termos que significam “livre de ambos os tipos de aflições mentais” e “a capacidade de abranger tudo o que deve ser conhecido dentro do parâmetro da sabedoria transcendente”. Essas sete características que são as conquistas exclusivas dos seres Aryas são as seguintes:
- A memória como causa pura de iluminação (དྲན་པ་ཡང་དག་). Esta é a forma não samsárica da memória pura. O praticante que a alcança nunca esquece os objetivos futuros ou a conduta virtuosa.
- A sabedoria discernidora e a compreensão direta e fresca da não-existência (ཆོས་རབ་ཏུ་རྣམ་པར་འབྱེད་པ་)
- Pura Perseverança (བརྩོན་འགྲུ་ཡང་དག་). Esta perseverança é mais intensa do que a dos caminhos anteriores.
- Puro prazer ou alegria correta (དགའ་བ་ཡང་དག་). Esta é uma felicidade mental e física que nunca se experimenta até a realização deste caminho.
A palavra ‘puro’ quando aplicada a estes termos, tem o significado de “não-samsárico”. O que é samsárico é manchado pelo apego a uma “entidade intrínseca” ou pelos instintos da ignorância…
- Pura quietude [mental e física] a ponto de êxtase (ཤིན་ཏུ་སྦྱངས་པ་ཡང་དག་). Isto é mais intenso que o êxtase que resulta da realização da shamatha.
- Samadhi (ཏིང་ངེ་འཛིན་).
- Um estado puro de equanimidade (བཏང་སྙོམས་). Durante este estado o praticante tem uma liberação relativa dos obscurecimentos. Um dos sinais de ter alcançado este caminho é que não se experimenta mais sofrimento físico. A esse ponto, o praticante não tem dificuldade em doar o seu próprio corpo ou cortar partes dos seus membros para doar, se isso beneficiar outros seres sencientes.
O praticante também alcança a liberdade dos seguintes cinco estados de medo:
(a) Medo de não obter alimento e roupas. Estes vêm naturalmente sem esforço.
(b) Medo de expressar pensamentos a grandes grupos de pessoas. O praticante recebe ensinamentos diretos dos Buddhas e é capaz de estabelecer uma comunicação próxima com outras pessoas.
(c) Medo da morte. O praticante é capaz de escolher a própria hora da morte, pois esta não é mais governada pela força do karma.
(d) Medo de nascer nos três estados inferiores. O praticante tem muita confiança no fato de que todas as suas sementes kármicas para os renascimentos inferiores foram destruídas.
(e) Medo de ensinar aos próprios aprendizes. O praticante faz isso com total descontração, confiança e segurança devido a própria compreensão da vaziedade.
No caminho da visão, cento e dez qualidades são alcançadas. estas incluem a capacidade de passar por objetos concretos, de ver cem Buddhas de uma só vez e receber ensinamentos deles, clarividência não mundana e a capacidade de se manifestar em centenas de formas ao mesmo tempo para ajudar os outros.
- O CAMINHO DA MEDITAÇÃO (སྒོམ་ལམ།)
Durante este caminho, o praticante desenvolve uma grande familiaridade meditativa (སྒོམ་) com a vaziedade. A realização inicial é como encontrar uma pessoa pela qual se está esperando há muito tempo.
Depois disso, é preciso viver com esta e conhecê-la bem a fim de ser plenamente beneficiado por esta. Há muito a ser alcançado neste caminho, inclusive quase todos os estágios do Bodhisattva. Durante o caminho da visão se atinge somente a primeira esfera ou bhumi (literalmente ‘terra’) do Arya Bodhisattva.
A seguir estão as definições essenciais dos cinco caminhos Mahayana, listados em ordem:
- Compreensão direta e clara do Dharma (ཆོས་མངོན་རྟོགས་).
- Compreensão direta e clara do significado profundo do Dharma, em oposição ao mero significado literal (དོན་མངོན་རྟོགས་).
- Compreensão direta e clara da verdade (བདེན་པ་མངོན་རྟོགས་).
- Compreensão direta pós-meditacional da verdade (རྗེས་ལ་མངོན་རྟོགས་).
- A sabedoria do abandono de ambos os tipos de obscurecimentos mentais [Obscurecimento a liberação e Obscurecimento a Iluminação] (སྒྲིབ་གཉིས་ [ཉོན་སྒྲིབ་དང་ཤེས་སྒྲིབ་] སྤོང་བའི་མཁྱེན་པ་).
NOTA: Esta não é uma característica do quinto caminho do Hinayana.
Seguindo o caminho da meditação, o cumprimento do nobre caminho óctuplo (འཕགས་ལམ་ཡན་ལག་བརྒྱད་) é alcançado. Isto inclui os seguintes ramos:
- Visão correta (ཡང་དག་པའི་ལྟ་བ་དང་) ou a sabedoria decorrente da realização da vaziedade.
- Intenção correta do Bodhisattva de expressar sua compreensão (especificamente da vaziedade) a outros (ཡང་དག་པའི་རྟོག་པ་).
- Fala correta, em dar ensinamentos precisos sobre a vaziedade, apresentados de forma ordenada e livre de contradições (ཡང་དག་པའི་ངག་).
- Ação física correta, incluindo total restrição das dez não-virtudes (ཡང་དག་པའི་ལས་ཀྱི་མཐའ་).
- Subsistência correta (ཡང་དག་པའི་འཚོ་བ་). Isto é, completamente livre das seguintes cinco maneiras erradas de adquirir as coisas:
(a) Fazer uma ação a fim de impressionar os outros e assim ganhar algo.
(b) Dar algo na esperança de receber algo em troca.
(c) Elogiar a fim de ganhar algum objeto desejado.
(d) Manifestar ou insinuar um desejo na esperança de que ele seja realizado.
(e) Utilizar uma desculpa inapropriada a fim de explorar outros.
- O esforço correto para abandonar todos as aflições mentais inatas (ཡང་དག་པའི་རྩོལ་བ་).
- Presença mental correta, mais aguçada que nos estágios inferiores (ཡང་དག་པའི་དྲན་པ་).
- Absorção meditativa correta. O uso do samadhi para a realização da clarividência plena dos Buddhas (ཡང་དག་པའི་ཏིང་ངེ་འཛིན་). Com esta conquista, o praticante tem conhecimento dos pensamentos dos outros tão facilmente como ver o reflexo de uma luz brilhando sobre um espelho. Os Buddhas nunca negligenciam a ajuda àqueles que estão maduros. A capacidade deles em saber quais seres podem ser ajudados se desenvolve neste caminho.
Uma vez que os dois tipos de obscurecimentos mentais foram eliminados, estes nunca mais retornam.
A ignorância Imputada (ཀུན་བརྟགས་ཀྱི་མ་རིག་པ་), que são as aflições mentais intelectualmente formadas, e a ignorância co-emergente (ལྷན་སྐྱེས་ཀྱི་མ་རིག་པ་), são chamados de Obscurecimentos a liberação [sâns. kleshavarana (ཉོན་སྒྲིབ་)] .
O obscurecimento mental Instintivo (བག་ཆགས་), que é abandonado somente por aquele completamente Iluminado, é chamado de Obscurecimento a Iluminação [sâns. jneyavarana (ཤེས་སྒྲིབ་)]. Este Obscurecimento à Iluminação pode ser comparado ao odor de uma bola de naftalina que permanece depois que a naftalina (o Obscurecimentos a liberação – kleshavarana) foi removida. Somente durante o oitavo estágio do Bodhisattva se começa a eliminar o obscurecimento a iluminação [comparado ao odor da naftalina].
Existem dois tipos de Bodhisattvas. O primeiro completa todos os caminhos do desenvolvimento do Hinayana, depois começa as práticas Mahayana desde o início. O segundo se envolve no caminho Mahayana desde o início de sua prática espiritual, objetivando a liberação de todos os seres. Quando o primeiro tipo de Bodhisattva atinge apenas o primeiro estágio do caminho do acumulação Mahayana, ele está livre de todas as ilusões grosseiras, enquanto o segundo não.
As ramas do nobre caminho óctuplo se enquadram nas quatro categorias seguintes:
- O método de cortar a raiz da ignorância (གཅད་པ་བྱེད་པའི་ཡན་ལག་). O primeiro dos oito ramos está incluído aqui.
- O método de transmitir a compreensão aos outros (གོ་བར་བྱེད་པའི་ཡན་ལག་). O segundo ramo se enquadra nesta categoria.
- O método de levar os outros a uma forte convicção sobre a verdade do Dharma, fazendo-os assim moldar suas vidas em exemplos perfeitos dos ensinamentos (ཡིད་ཆེས་པའི་ཡན་ལག་). O terceiro, quarto e quinto ramos estão incluídos aqui.
- O método de aplicar os poderes oponentes às aflições mentais (གཉེན་པའི་ཡན་ལག་). As demais ramas se enquadram nesta categoria.
As oito ramas também podem ser divididas nos três treinamentos dos ensinamentos de Buddha (བསལ་པ་གསུམ་). Não há compreensão nem da verdade literal dos ensinamentos (ལུང་གི་བདན་པ་), nem da verdade apreendida por meio do discernimento direto (རྟོགས་པའི་བདན་པ་), que não esteja incluída nestes três treinamentos. A relação entre os três treinamentos é mostrada na Roda do Rei do Chakra, um símbolo comum para o Dharma de Buddha. A quarta e quinta ramas são aspectos do treinamento na disciplina moral (བསླབ་པ་ཚུལ་ཁྲིམ་ཀྱི་བསླབ་པ་) simbolizados pelo centro da roda. A oitava rama é o cumprimento do treinamento na concentração (བསླབ་པ་ཏིང་ངེ་འཛིན་གྱི་བསླབ་པ་), representado pelo aro da roda (o que significa que esta encerra toda a atenção). As ramas restantes são aspectos do treinamento na sabedoria transcendente (བསླབ་པ་ཤེས་རབ་ཀྱི་བསླབ་པ་), representados pelos espigões salientes da roda (mostrando que esta destrói tudo aquilo que é contraposto). As oito ramas são simbolizadas pelos oito raios.
Os primeiros quatro dos cinco caminhos são caminhos do Bodhisattva, e o último é o caminho dos Buddhas. Os dois primeiros caminhos são os do Bodhisattva comuns, e os dois seguintes são os dos Aryas Bodhisattvas. Quem segue estes dois últimos caminhos tem o entendimento com o qual se alcança a iluminação para o benefício de todos os seres sencientes. A única motivação do praticante é amor afável e a compaixão para com todos os seres sencientes, e isto é reforçado pelo poder de uma verdadeira compreensão da vaziedade.
Todos os tipos de sabedoria dos Arya Bodhisattvas (como amor afável e a compaixão) não são necessariamente combinados com a verdadeira compreensão da vaziedade, mas são apreendidos pelo poder desta compreensão [da vaziedade].
No início do caminho da visão o praticante se torna um Arya Bodhisattva, e ele alcança o primeiro dos dez estágios do Bodhisattva[10]–“Bodhisattva bhumis”.
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ADENDUM – Bia
Como parte do caminho do Bodhisattva.
A passagem pelos estágios “bhumis” e pelos caminhos começa com a Bodhicitta, o desejo de liberar todos os seres sencientes. A Bodhicitta de aspiração torna-se Bodhicitta de ação após o compromisso real com os votos do Bodhisattva. Com estes passos, o praticante se torna um Bodhisattva, e entra nos cinco caminhos Mahayana. Antes de chegar aos dez estágios, o Bodhisattva percorre os dois primeiros dos cinco caminhos Mahayana:
- O caminho do acumulação
- O caminho de preparação
Os dez estágios do Bodhisattva estão agrupadas dentro dos três caminhos Mahayana como segue:
- Estagio 1: O caminho da visão
- Do estágio de 2 ao 7: O caminho da meditação
- Do estágio de 8 ao 10: O caminho do nada mais aprender
Do Livro “MENTAL DEVELOPMENT IN TIBETAN TRADITION – LTWA
By Geshe Geshe Nawang Dargye.
Tradução de @Bia Bispo 2020. Possa tudo ser de benefício a incontáveis seres.
NOTAS
[1] 1. fase inicial (ཚོགས་ལམ་ཆུང་ངུ་).; 2. fase intermediária (ཚོགས་ལམ་འབྲིང་པོ་) e 3. fase final do caminho da acumulação (ཚོགས་ལམ་ཆེན་པོ་).
[2] Renúncia, bodhicitta e sabedoria que compreende a verdadeira maneira de existir dos fenômenos.
[3] Em outras palavras, esses caminhos e estágios referem-se aos estágios ou níveis de realizações dentro do continuum mental do praticante, e não são caminhos ou níveis físicos.
[4] “Mara” é visto com a personificação de força demoníaca; força malvadas, obstrutores etc.
[5] 1. འདུན་པའི་རྫུ་འཕྲུལ་གྱི་རྐང་པ། chanda ṛddhipāda-aspiração; 2. བརྩོན་འགྲུས་ཀྱི་རྫུ་འཕྲུལ་གྱི་རྐང་པ། virya ṛddhipāda-esforço; 3. བསམ་པའི་རྫུ་འཕྲུལ་གྱི་རྐང་པ། citta ṛddhipāda- motivação; e 4. དཔྱོད་པའི་རྫུ་འཕྲུལ་གྱི་རྐང་པ། mīmaṃsā ṛddhipāda -análise.
[6] quatro objetos de contemplação são o corpo (ལུས་), as sensações (ཚོར་བ་), a mente (སེམས་), e todos os fenômenos (ཆོས་).
[7] Os cinco poderes dentre os trinta e sete fatores para a Iluminação.
- དད་པོའི་སྟོབས།; sâns. sraddha bala. O poder da fé
- བརྩོན་འགྲུས་ཀྱི་སྟོབས།; sâns. virya bala. O poder da perseverança entusiástica
- དྲན་པོའི་སྟོབས།; sâns. smriti bala. O poder da presença mental
- ཏིང་ངེ་འཛིན་གྱི་སྟོབས།; sâns. samadhi bala. O poder da da concentração
- ཤེས་རབ་ཀྱི་སྟོབས།; sâns. prajaa bala. O poder da sabedoria transcendente.
[8] As cinco forças ou poderes de acordo com o treinamento mental em sete pontos
- དཀར་པོ་ས་བོན་གྱི་སྟོབས།; sâns. suklabija bala. A força ou poder das sementes brancas (a forte determinação de acumular méritos e eliminar os obstáculos a fim de desenvolver virtudes iluminadas)
- འཕེན་པའི་སྟོབས།; sâns. asaya bala. A força ou podera intenção
- སུན་འབྱིན་པའི་སྟོབས།; sâns. dusana bala. A força ou poder da repulsão
- གོམས་པའི་སྟོབས།; sâns. abhyasa bala. A força ou poderda familiaridade5.
- སྨོན་ལམ་ག།; sâns. pranidhana bala. O poder ou força da oração.
[9] Obscurecimento causados pelas emoções perturbadoras. As emoções dos cinco venenos: ódio, cobiça, obscurantismo, orgulho e inveja; véu das emoções perturbadoras. Mipham Rinpoche disse: ཉོན་མོངས་ཤིན་ཏུ་དྲག་པོ་རྒྱུན་ཆགས་པས་ལམ་ ལ་འཇུག་མི་ནུས་པ་ཉོན་མོངས་པའི་སྒྲིབ་པ་ O “véu das emoções perturbadoras” é a incapacidade de entrar no caminho (da liberação) devido às emoções perturbadoras intensas e persistentes
[10] Estas dez esferas ou blumis, são realizações no continuum mental daquele que entrou no caminho do Bodhisattva.