A RODA DA EXISTÊNCIA CÍCLICA CONDICIONADA –

  1. O primeiro elo,  ignorância, (Tib. མ་རིག་པ་ ma rig pa; Sâns. avidya). É representado por uma pessoa cega. Uma pessoa cega não pode ver e, consequentemente, não sabe que caminho seguir. Por ignorância, não somos conscientes da verdadeira natureza dos fenômenos e, por isso, vamos vagando no samsara,[1] sem saber que caminho seguir.
  2. O segundo elo, formação kármica ou  “ações composicionais” (Tib. འདུ་བྱེད་ ‘du byed; Sâns. samskara). É simbolizado pelo oleiro moldando um pote. Primeiramente há uma bola de barro, o oleiro a molda com suas mãos e, gradualmente, essa bola se transforma em uma forma. Similarmente, através das nossas criações kármicas ou ações composicionais (às vezes boas e às vezes más) gradualmente estamos estabelecendo o padrão do nosso futuro, estamos moldando o nosso futuro por meio das nossas ações de corpo, fala e mente.
  3. O terceiro elo, consciência,[2] (Tib. རྣམ་པར་ཤེས་པ་ rnam par shes pa; Sâns. vijnana). É representado por um macaco pulando. Por causa dos vários condicionamentos e sementes kármicas depositadas na nossa consciência, a nossa mente está sempre ocupada [oscilando pra lá e pra cá] pensando no que fazer. E por isso o quarto é representado por um macaco.
  4. O quarto elo, nome e forma, (Tib. མིང་དང་གཟུགས་ ming dang gzugs; Sâns. namarupa). É representado por um homem remando em um barco. Isso mostra o percurso da nossa vida devido às impressões kármicas armazenadas em nosso continuum mental sutil. Isso nos leva de uma margem a outra atravessando o mar da vida, portanto, é representado por um barco atravessando a água transportando de um lado para o outro.
  5. O quinto elo, os seis órgãos​​ dos sentidos ou as seis entradas perceptivas (Tib. སྐྱེ་མཆེད་དྲུག་ skye mched drug; Sâns. ayatana). É representado por uma casa aparentemente próspera com cinco janelas fechadas e uma porta fechada. Estes representam os cinco órgãos​​ dos sentidos mais a porta da consciência mental.
  6. O sexto elo, contato (Tib. རེག་པ་ reg pa; Sâns. sparsha). É representado por um casal abraçado simbolizando o contato, a consequência das percepções sensoriais.
  7. O sétimo elo, sensações (Tib. ཚོར་བ་ tshor ba; Sâns. vedana). É representado por uma pessoa que foi atingida no olho por uma flecha. As sensações surgem por meio do contato. Isso mostra que devido ao não reconhecimento da ausência de existência intrínseca dos fenômenos ou vaziedade dos fenômenos, nós apegamo-nos às sensações, o que nos leva a um efeito “fatal”.
  8. O oitavo elo, anseio ou envolvimento mental  (Tib. སྲེད་པ་ sred pa; Sâns. trishna). É simbolizado por uma pessoa bêbada e uma mulher que lhe oferece mais bebida. Isto ilustra o anseio que, sendo estimulado pelas sensações, nos leva sede de querer beber ​insaciável ​cada vez mais do mundo das aparências.
  9. O nono elo,  aferrar ou apropriação (Tib. ལེན་པ་ len pa; Sâns. upadana).  É representado por um macaco ou uma pessoa​ pegando as frutas com voracidade​. Indicando que por causa do nosso anseio ou envolvimento mental, no​s​​ aferramos com apropriação ​​às aparências sejam elas positivas ou negativas, boas ou ruins.
  10. O décimo elo, vir a ser ou vir a existir – existência (Tib. སྲིད་པ་ srid pa; Sâns. bhava). Uma mulher grávida. Simbolizando o resultado efetivo das sementes kármicas [dos elos anteriores] que ficaram incubadas.
  11. O décimo primeiro elo, nascimento (Tib. སྐྱེ་བ་ skye ba; Sâns. jati). Simbolizado pelo nascimento de uma criança. Esta criança simboliza o resultado de todos os elos anteriores e tudo aquilo que comporta um renascimento.
  12. Décimo segundo elo, envelhecimento e morte (Tib. རྒ་ཤི་ rga shi; Sâns. jaramarana). Simbolizado por um cadáver que está sendo levado para cremação. Este é o resultado final do renascimento no samsara ou existência cíclica.

 


NOTA:

[1] Samsara é uma palavra sânscrita traduzida como “existência cíclica”. O que chamamos de samsara ou existência cíclica é a continuidade dos nossos agregados contaminados pelas emoções aflitivas ou pertubações mentais. Então, renascer no samsara, na verdade significa renascer com esses agregados contaminados. Embora muitas vezes usamos a palavra “samsara” referindo-se a um lugar externo, porém, o samsara não é outro que o próprio indivíduo.

[2] Uma outra explicação de Sua Santidade, o Dalai Lama, é que quando esta única consciência percebe por meio da faculdade sensorial do olho, parece ser uma consciência visual, e quando percebe por meio do ouvido, nariz, língua e corpo, parece ser respectivamente a consciência auditiva, a consciência olfativa, a consciência gustativa e a consciência tátil; Mas esta, é como o único macaco que aparece nas várias janelas, é apenas uma consciência. É por isso que a consciência é representada por um macaco. E visto que o macaco é um animal inteligente e ativo,  assim pode simbolizar essas qualidades da consciência

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