A MENSAGEM DAS MAMOS[1]

UM BREVE GUIA PARA A PAZ NA TERRA

Por Lama Rangbar

“Os tempos degenerados do futuro serão conhecidos quando os inocentes forem perseguidos sem justa causa e criminosos endurecidos ganharem autoridade; quando praticantes espirituais forem ridicularizados e pecadores louvados; quando alimentos impuros forem consumidos; quando as profissões de guerra, estupros e saqueamento se tornarem normais; quando os gyalpos, os srinmos, as oito classes de espíritos, e particularmente os nagas e os nyens malignos ao se erguerem tornam-se poderosos liberando multidões de doenças epidêmicas sobre os seres humanos e animais; quando o modelo de repetidas promessas transgredidas fizerem com que os samayas e votos sejam violados”.

Além disso:

“Os que continuam sendo verdadeiros praticantes do Dharma, são tão raros quanto as estrelas durante o dia. Para esses praticantes raros, se eles forem atormentados por malfeitores, se realizarem os rituais de atividades apropriadas, eles derrotarão completamente todos os malfeitores e obstáculos. Eles se tornarão vitoriosos sobre os maras e estarão livres de doenças. Ganhando a glória do samsara e do nirvana, eles se tornarão ‘o senhor de todas as aparências possíveis’”[2].

Como praticantes budistas do Vajrayana, frequentemente ouvimos os nomes de vários tipos de seres ou espíritos mencionados nos textos das práticas nos quais frequentemente somos engajados. Se você é como o praticante ocidental comum, em algum lugar profundo dentro de você surgem algumas questões plausíveis e provavelmente estas persistem, como: “Quem são esses seres? Onde eles estão? Eles realmente existem mesmo que não possamos vê-los com nossos olhos físicos no momento? Se eu faço oferendas a eles, eles realmente as recebem? Eles têm algum poder ou influência real sobre nós, ou são todos simplesmente algum tipo de expressão ou fantasia primitiva que proporcionou consolo às culturas que não tinham ciência real?

Para entender outro ser, para começar, é preciso entender o que é um ser. Para que isso chegue perto do entendimento necessário, primeiramente a chave é considerar alguns pontos básicos. Um é a natureza desobstruída do espaço básico, o segundo pode ser designado como interdimensionalidade[3] e o terceiro é a interdependência.

Para a maioria de nós, um ser é essencialmente qualquer entidade definida por algum tipo de limite biológico (um corpo) com uma referência de identidade para e ao redor desse limite. É um ponto de referência relativo de um coletivo. Este pode acreditar em sua própria existência, independentemente de amplas evidências objetivas que de fato, tenham pouca existência inerente separada do restante da natureza.

De acordo com vários textos tântricos budistas, uma vez que essa identidade é estabelecida e mantida como suprema, surgem cinco distorções dentro daquilo que, de outra forma, seria exibido como as cinco sabedorias puras ou intangíveis. Respectivamente são as seguintes:

  1. O ódio é a distorção da sabedoria que é como um espelho, (o elemento correspondente é a água e a cor é azul). Essa sabedoria basicamente significa que, se vemos tudo claramente como nossa própria natureza fundamental e nada mais, não seremos iludidos ou amedrontados.
  2. O desejo é a distorção da sabedoria da percepção discriminativa (o elemento correspondente é o Fogo e a cor é vermelha). Essa sabedoria basicamente significa que, se não confundirmos os objetos que, aparentemente causam a felicidade, como fonte de felicidade, podemos nos contentar com a nossa própria natureza fundamental e então ficarmos livres do desespero.
  3. Orgulho arrogante é a distorção da sabedoria da equanimidade (o elemento correspondente é a Terra e a cor é amarela). Essa sabedoria basicamente significa que, na verdadeira compreensão da igualdade, liberamo-nos da nossa auto importância (individualismo, egocentrismo) isoladora, e nos tornamos humildes e felizes.
  4. O ciúme é a distorção da sabedoria que tudo realiza (o elemento correspondente é o ar e a cor é verde). Essa sabedoria basicamente significa que, vendo tudo como completo exatamente como é, não seremos mais separados da nossa natureza última e, então, automaticamente nos alegramos na felicidade dos outros.
  5. Ignorância é a distorção da consciência fundamental sempre presente como o espaço (o elemento correspondente é Espaço e a cor é branca). Essa sabedoria basicamente significa que, vendo a consciência fundamental como o espaço aberto simplesmente sem véu, como a nossa própria natureza, não seremos distraidos da verdade última.

As distorções acima são experienciadas por cada ser em diferentes intensidades, dependendo da posição e percepções evolutivas individuais. Quando essas distorções atingem níveis de alta intensidade, causa perturbações significativas em nossas mentes, o que leva a doenças de diferentes tipos. O medo perturba os rins, o sofrimento perturba os pulmões, o desejo perturba o coração, o ódio perturba o fígado etc. Esses distúrbios internos da mente se manifestam externamente como distúrbios nos cinco elementos a nossa volta.

  1. A água perde sua qualidade estabelecida e se transforma em ondas e tsunamis.
  2. O fogo perde a aderência à sua localização e se estende descontroladamente por toda parte.
  3. A Terra perde sua estabilidade e treme.
  4. O ar é transformado em tempestades de vento.
  5. O espaço fica obstruído.

No Vajrayana, frequentemente são mencionados as oito classes de seres. Entre eles estão os Nagas ou castas de seres serpentes, senhores da Terra, Tsen, espíritos de árvores, uma classe canibal chamada Rakshasa, espíritos do tipo rei, Dza, emanações planetárias ou astrológicas, gigantes ou Yakshas (às vezes conhecidos em inglês como Gin ou Genies, Shinje ou espíritos da morte (Tib Wyl. Gshin rje), Tseurang, talvez conhecidos como Duendes e Bar tsam gyi Lha, ou seres do estado intermediário (digamos fadas voadoras). Há também as Mamos, os seres elementais femininos. Desde que os sistemas (textos) que enumeram todos esses seres variam, assim também acontece com suas classificações e categorizações. Em alguns sistemas, Du ou quatro maras estão no topo da lista.[4]

(Comentário)

Destes, embora os Nagas e os Espíritos Rei também possam causar doenças, as Mamos parece estarem relacionadas a esses tipos de vírus. As Mamos são às vezes retratadas como mulheres assustadoras, com cabelos arrepiados, dentes como se estivessem rosnando, vestindo várias peles de animais ou cintos feitos de pele humana ou peles esfoladas de crianças ou segurando um saco de veneno ou doença pestilenta e um laço. A palavra vírus também significa veneno. Outras vezes, são extremamente bonitas, com corpos, suportes, roupas, adornos, acessórios manuais e com poderes de sedução.

É comumente entendida entre os Lamas e os grandes praticantes que a doença que temos da família Covid19 e outros vírus semelhantes, é a manifestação do que poderia ser expresso como o comportamento renegado ou instável das Mamos. Pode-se dizer ser uma mensagem delas, porque essa é a maneira direta que elas se comunicam conosco.

Um dos aspectos mais interessantes das Mamos é que elas podem ser muito úteis ou prejudiciais para a humanidade, dependendo do nosso próprio comportamento. Isto não significa que o comportamento delas difere em ambos os casos, tudo o que é necessário é que o nosso próprio comportamento seja diferente. Se nos comportamos respeitosamente, atentos ao nosso relacionamento com elas, elas surgem como simbióticos. Essa é uma função que torna essa situação interessante e importante.

As Mamos têm hierarquia em status, linhas de autoridade e poder. No momento em que uma enorme praga se manifesta no reino humano, ela deve estar de alguma forma de acordo com a esfera da sabedoria universal. Em outras palavras, a manifestação de um vírus deve primeiramente ser aprovada pela chefa das Mamos, que não vive mais na confusão do samsara como outros seres comuns, ou seja, ela já transcendeu o samsara. A propósito, a sabedoria não é amiga de preferências pessoais, a menos que nossa preferência seja realmente apenas sabedoria. A partir daí, as “capangas” Mamos, que estão mais próximas da esfera dos seres comuns, recebem ordens de altos chefes para marcharem e pôr as manifestações em prática.

O protetor mais alto da tradição Nyingma ou da escola antiga é uma Mamo chamada Ekajati ou “A Mãe Solteira” (“ek”, significa “um” em sânscrito). Aquela  deidade que tem um seio, um olho, um dente cujos cabelo está amarrado no alto da cabeça com um único nó. Sempre que recebemos iniciação nos mandalas tântricos de importantes deidades masculinas ou femininas, o fazemos compreendendo que existem regras (votos) para o jogo e estamos sujeitos a essas regras. Então, nosso sistema (corpóreo) fica preparado ou calibrado para ouvir os sinais que esses ferozes guardiões oferecem diariamente. Somos obrigados a nos sentar e ouvir profundamente essas dicas e mensagens. Quando perguntaram a Sua Santidade Dudjom Jigdrel Yeshe Dorje se ele lê jornal, ele respondeu (parafraseando): “Eu não preciso ler jornais”. Eu posso simplesmente ler as notícias do mundo inteiro no céu a qualquer momento.

Originalmente, Ekajati, Mamo Pokhasiddhi, Durtrod Lhamo e outras não eram seres dominados. Muito pelo contrário, elas eram selvagens e indisciplinadas e muitas vezes bastante destrutivas para os seres humanos. Esses seres perdiam o temperamento com facilidade e frequência. Se os humanos cometessem um erro nos seus comportamentos, mesmo quando não intencionais ou invisíveis a outros seres humanos, esses seres retaliavam instantaneamente sem aviso. Mas seres poderosamente realizados (como Guru Rinpoche), usando uma combinação de compaixão (habilidade /método) e sabedoria, aprisionaram esses seres sob juramento e transformaram suas vidas em expressões de perfeita sabedoria e método de proteção. A relação com as Mamos e outros protetores vinculados pelo juramento era um aspecto mutuamente favorável ou simbiótico dos seres humanos que viviam em harmonia com a Natureza e suas necessidades.

Nos bons tempos em que tudo estavam indo bem, uma cultura ou país inteiro mantinha sua relação viva com essas várias classes de seres interdimensionais diariamente por meio de práticas e de fazer oferendas. Essas práticas proporcionaram aos humanos o tempo e os meios para ouvir o chamado da voz dos elementos e ajustar seus comportamentos, conforme necessário. As práticas garantiam chuvas oportunas, as colheitas abundantes, a pacificação de doenças etc. No Tibete, a soberania de todo o país repousava na integridade da relação entre o povo e esses ferozes guardiões, e, no entanto, esse relacionamento se rompeu quando a política assumiu um papel predominante sobre a harmonia com a natureza.

Mesmo precisando criar uma idéia por si próprio, seria muito difícil nomear qualquer evento ou coisa singular que seria mais eficaz que o coronavírus para unificar a humanidade. Visto como manifestação de um ser sábio, o vírus tem a capacidade de atravessar todas as linhas políticas. O vírus não é republicano ou democrata. A cor da sua pele não importa e seu país de origem não importa. Ele realmente não se importa com a sua idade e, embora o dinheiro e bunkers subterrâneos de milhões de dólares possam proporcionar algum grau de isolamento, os bunkers podem ser tão impenetráveis quanto a força de nosso próprio sistema imunológico.

Muitos de nós já podemos ver o próprio vírus como uma mensagem das Mamos, que foram designadas por milhares de anos para desempenhar um papel vital na manutenção do equilíbrio dos elementos do mundo. Elas são, de fato, nada mais que a personificação dos elementos. Imagine se o fogo pudesse falar! Agora, mesmo muitas pessoas que se consideram pensadores críticos com habilidades científicas, falam da manifestação desse vírus de maneira personificada, no mínimo entendendo que esse vírus tem algo a ver com causa e efeito.

Embora muitos afirmem que o vírus não está no ar, a OMS explica que ele é transmitido pelo ar. Os meios de propagação do vírus tratam da contaminação do elemento espacial, chamado “Nam drip – pelos Lamas nos tempos modernos. Nam drip que literalmente podemos traduzir como “Obscurecimento do céu”. Esse obscurecimento começou com a poluição de carbono, em geral, e continuou com a pulverização em aerossol de material particulado.

As doenças respiratórias têm aumentado nas últimas duas décadas (bronquite asmática ou alérgica, resfriado alérgico etc). Não é à toa que a parte do corpo humano que lida mais diretamente com o próprio céu (espaço), os pulmões, são os primeiros órgãos a serem atacados pelo vírus. Outra parte poética da paleta de componentes dentro da causa e efeito é a origem do vírus, que se diz ter sido formado por meio de uma metamorfose a partir de um vírus transportado por uma cobra ou “Naga” ou entidade da classe da água, ao morcego, uma criatura espacial. Os primeiros tantras médicos referem-se a vários alimentos específicos que devem ser evitados, e a carne de morcego está no topo da lista negativa. Não importa se a sua opinião é de que esse vírus foi fabricado ou é algum tipo de arma, pois isso não diminui sua origem, seu caminho ou meio de movimento, nem afeta a lógica natural da retaliação.

Mas, retornando a obscuridade do céu (espaço), essa não permanece no nível de substâncias químicas ou partículas no ar. Todos os tipos de ondas de energia de tantas frequências são transmitidos por rádio, radar, microondas, 3G, 4G e 5G, entre outras fontes. Para nossa conveniência, nossas residências têm transmissão Wi-Fi por toda a casa, sem pensar duas vezes sobre quais podem ser os efeitos colaterais sutis ou mesmo graves. Muitas pessoas sentem imediatamente uma dor de cabeça por estarem perto de uma torre de trasmissão celular ou por terem seus celulares próximos à cabeça. Afinal, somos feitos principalmente de água e as ondas se movem através de nós.

Há outro colaborador do Nam drip que está sentado na frente de um computador no qual os olhos são bombardeados não apenas pela radiação da tela, mas pelas imagens que vemos e de alguma forma processamos. As imagens e as escolhas energéticas que eles exigem de nós – como “assim, tente entender”, “não gostas disso, tente evitá-lo” e “isso não tem nada a ver comigo, eu vou ignorá-lo” – coloca uma carga em nosso sistema, obscurecendo o espaço fundamental de nossas mentes. Esse obscurecimento perturba a qualidade do nosso sono, aumenta nossos níveis de estresse e até afeta nossa capacidade de digerir adequadamente. Embora pensemos que as criaturas do mar são os únicos seres amordaçados com cordas de plástico e sacos flutuantes etc., nós mesmos somos sufocados pelo tráfego mental entupido e pelo ar impuro.

Os tantras fornecem aos praticantes budistas muitos métodos sublimes para superar os obstáculos, como pragas e vírus. A maioria desses textos, independentemente de operarem do lado feminino ou masculino, nos permite superar as influências das origens de muitas forças invisíveis que se impõem em nossos sistemas, tornando-nos vulneráveis. A chave para superar qualquer vírus está em encontrar uma maneira de nossos próprios sistemas reconhecerem e eliminarem o invasor. Até as vacinas devem habilitar esse mesmo mecanismo. O trabalho do vírus é permanecer furtivo enquanto se esconde nos recantos sombrios de nossa incapacidade de identificá-lo ou localizá-lo e rejeitar sua agenda. Isso nos leva às práticas que nos ajudam a fazer exatamente isso. Detesto entrar em discussões políticas, mas, a título de exemplo, quando um funcionário de um país basicamente propõe que, se você é velho, deve se sacrificar pelo bem da economia, essa não é uma mensagem saudável a ser internalizada. Essa mensagem, se internalizada, pode ser exatamente a coisa que faz com que seu sistema renuncie à derrota nas mãos do ladrão que mentiu para você, dizendo que ele era o leitor do registro e é por isso que ele entrou na sua sala de estar. Esse é um aspecto do significado de Don. De alguma forma, em segundo plano, espíritos agitados e maliciosos passam pela mente de todos que estão longe de serem fundamentados na sabedoria ou compaixão. Devemos pacificar nossa própria frustração, ódio e quaisquer outras causas que residam em nós.

PRÁTICAS

Dentro do panteão das práticas tibetanas estão as práticas do Buddha da Medicina e Guru Rinpoche da Medicina (Orguen Menlha; a prática de Tara Ritrod Loma Gyonma (a vigésima Tara que protege das pandemias); Prática de Vajra Body Armor, (uma forma de Guru Dragpo): Ta Chag Khyung Sum, (o Amalgam das três deidades extremamente iradas, Hayagriva, Vajrapani e Garuda): e finalmente Mamo Truk Kong (entre muitos outros). Essas práticas trabalham em diferentes níveis para superar a situação invisível de fundo que suporta doenças contagiosas. Uma das práticas, a título de exemplo, é a pacificação da agitação das Mamos, tanto pelo reconhecimento quanto pelo pedido de desculpas por nossos próprios erros e samayas quebrados; shakpa, e fazendo ofertas através de diferentes elementos, geralmente por fumaça de incenso, ou dito de outra maneira, oferecendo remédios pelo ar. Aqui, mais uma vez, a noção de samayas ou vínculo com as Mamos é crítica.

Mais uma vez, as Mamos não são realmente separadas de nós e quando estão com raiva, provavelmente significa que estamos cheios de frustração, agitação, raiva e ódio.

Essas práticas funcionam apenas quando certos elementos estão presentes. Para começar, o pedido de desculpas deve ser sincero e não uma colocação. Por sua vez, isso significa que devemos entender o que fizemos de errado em nossas vidas individuais. Então, finalmente, devemos prometer nunca executar essas ações novamente. Embora isso não signifique que o vírus desapareça instantaneamente, a causa pode desaparecer, pacificando a intensidade de novas manifestações.

De alguma forma, as práticas nos ajudam a identificar como nos deixamos enganar por noções equivocadas e propaganda incorreta e a corrigir a situação. Você não pode pegar um ladrão se você nem sabe que eles já estão em sua casa disfarçados de abajur. Depois de identificarmos um inimigo ou invasor, como um vírus, e realmente decidirmos que temos o direito de viver, nosso sistema fará o que for necessário para se livrar da influência indesejada. Essa é a chave para alguns dos métodos que podemos empregar.

Sem dúvida, os nativos americanos tinham suas próprias práticas para garantir essas boas relações com esses seres, que estavam intrinsecamente ligadas aos seus modos básicos, mais ou menos infalíveis, da vida cotidiana. Isso é uma evidência de que não é uma visão baseada em dogmas, mas uma compreensão muito natural. Infelizmente, no mundo de hoje, as pessoas se separam das sutilezas da mente ao se envolver apenas com os aspectos fisicamente mais visíveis do fenômeno e, portanto, aumentam seus apegos e focos grosseiros.

Há muito tempo, acredito que perto da época de Louis Pasteur, quando os micróbios foram descobertos, ele foi ridicularizado por frases da comunidade científica como: “Se você não pode vê-lo, não pode machucá-lo”. Hoje, depois de constatar que pequenas coisas além de nossa capacidade de ver governam nossa própria existência, nos tornamos cada vez mais abertos à exploração de coisas que são ultras pequenas e até mesmo “nano” por natureza. Mas ainda somos essencialmente materialistas em nossas visões. E, embora agora reconheçamos que a pequenez não desacredita o potencial de forte influência, ainda estamos ignorando as mensagens sutis e super sutis que aparecem em nossos caminhos. Nós as ignoramos várias vezes, agindo como crianças muito ruins sujando nossas próprias camas irreverentemente. Um número incontável de pessoas não acredita ou não se importa com o que estamos fazendo com o planeta e continua a agir como se não houvesse causa e resultado num sistema limitado do qual todos nós fazemos parte.

A mensagem das Mamos é, portanto, nada menos que um gênio natural. Como uma mãe que ama e protege seus próprios filhos, as Mamos enviaram sinais de alerta. Quando as ignoramos, eles levantaram a voz com fortes padrões climáticos. Mais uma vez elas se manifestaram através da forma de fogo, que queimava ferozmente em diferentes áreas do mundo. As Mamos agitam seu corpo elemento da terra regularmente e ainda agimos como uma colônia de formigas, surpreendidos por algo que achamos que não está relacionado a nós. Na maioria das vezes, nós humanos simplesmente não estamos fazendo nosso trabalho ou entendendo nossa interconexão inerente.

Este vírus, como o chamamos, continuará expandindo sua influência. É a mensagem viral das Mamos para todos nós nos unirmos e cooperarmos e observarmos a natureza indisciplinada de nossas próprias mentes e ações indisciplinadas e as acalmarmos profundamente. Nenhuma colocação política, nenhuma postura egoísta e mentirosa insincera e nem pancadas narcisistas no peito irão desviar a atenção consciente das Mamos de suas tarefas. O número de pessoas que perecerão com esta doença significa que todos provavelmente conhecerão alguém que foi visitado ou morto por essa onda em algum momento. O meme da piada que circulou no qual Trump supostamente disse: “Pessoas que nunca morreram antes estão morrendo” formará uma pressão na qual as pessoas não serão capazes de pensar sobre política da maneira usual. Desculpas não vão salvar as pessoas. O raciocínio orçamentário e as ideologias capitalistas não impedirão esse vírus. Veremos uma onda de necessidade pública colidir com as portas de todos os escritórios públicos, e apenas os maduros e os corajosos ocuparão esses postos da linha de frente. Eles não serão preenchidos pelos fracos de coração, mas por aqueles que entendem que não há nada mais alto que o serviço altruísta.

Vale a pena notar que as vias navegáveis de Veneza, na Itália, estão subitamente desaparecendo e os golfinhos estão se aproximando das praias do Mediterrâneo. Sem o fardo constante de humanos mal comportados que polui o elemento água, ela (a deidade do elemento água Mamaki) é resiliente. Existe um futuro para a humanidade depois que esse vírus veio e se foi. Tenha em mente que a única coisa que pode parar o vírus é a cooperação e uma mudança no comportamento dos seres humanos. Não há espécies deixadas neste planeta de nenhuma das extinções em massa anteriores que não se adaptaram.

Não podemos retirar as Mamos do poder, mas elas certamente podem nos retirar da existência, se isso for um fato realmente necessário. Em contrapartida, devemos prestar devemos prestar atenção à mensagem das Mamos e ajustar nossos modos de vida suficientemente, com reverência, respeito e até gratidão por sermos corrigidos de nosso caminho errante de autodestruição. Não, deixe-me reformular isso: ou fazemos tudo isso ou perecemos, pois as Mamos terminam seu trabalho de usar respostas perfeitamente calibradas ao nosso comportamento até ouvirmos e nos adaptarmos, nos transformarmos em novos seres ou voltarmos ao solo (o corpo dela) de onde surgimos em primeiro lugar.

Como sempre, o nome do jogo é humildade, compaixão e sabedoria discernidora. Vamos começar com um pouco de humildade e louvar as Mamos. Sinto-me hesitante em propor essa nova maneira onerosa de ver e agir, mas não são as Mamos que carecem de inteligência, é nossa própria incapacidade de reconhecer nossos próprios defeitos. Simplesmente parece que odiamos admitir que estamos errados porque somos todos tão justificados em tudo o que pensamos, dizemos e fazemos. Como resultado, não somos filhos muito bons e nem pais muito bons.

Se um indivíduo teve grandes perturbações da mente, geralmente os efeitos são bastante limitados à esfera de vida dessa pessoa. As pessoas próximas a essa pessoa podem ser afetadas de várias maneiras, mas a força geral da causa não é tremenda no que diz respeito a toda uma população. No entanto, quando grandes grupos de seres humanos adaptam certos comportamentos, padrões de consumo usam de tecnologias, saqueamentos desenfreados e poluidores do ambiente, então há um peso coletivo das ações, que aparece como a verdadeira perturbação dos cinco elementos externos, como descrito acima. Como tal, desde que esse problema foi criado pelas ações coletivas dos seres humanos, ele deve ser resolvido como uma ação coletiva, e isso pode ser uma bênção se jogarmos bem as nossas cartas, a partir de hoje.

Faça todas as excelentes práticas que desejar, mas lembre-se de que, se não forem baseadas em compaixão, mas baseadas em mais medo e perspectivas egoístas, elas provavelmente não serão úteis. Além disso, elas apenas o agitarão mais. A prática de Tara é, portanto, uma aposta muito segura.

A forte perturbação de nossas mentes que estamos enfrentando, decorrente do medo do vírus ou de um sentimento de desamparo diante dessa situação ou mesmo de frustração com nossos líderes ou outras pessoas, pode ser pacificada com um único entendimento. Mais uma vez, a resposta é o despertar da nossa Mente búdica da Compaixão individual e o emprego de orações e ações compassivas que têm um efeito positivo desobstruído no mundo real. Todos os seres desejam a felicidade e, no entanto, parecem não saber como manifestar essa felicidade. Todos os seres desejam estar livres do sofrimento, mas parece não serem capazes de evitar esse sofrimento. Então, por favor, use as quatro meditações icomesuráveis e envolva todos os seres com a sabedoria compassiva coletiva. Você nunca está realmente sozinho.

“Que todos os seres tenham felicidade e a causa da felicidade. Que todos os seres estejam livres do sofrimento e da causa do sofrimento. Que todos os seres nunca sejam desassociados da felicidade suprema que é sem sofrimento. Que todos os seres permaneçam na equanimidade sem limites, livres de apego aos entes queridos e rejeição dos outros. ”

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NOTAS

[1] Significado de Mamo do dicionário  Tsepak Rigzin e Ranjung Yeshe. Abreviatura de “Mundane Mother Deities” (“jig rten ma mo”).

– Uma classe de deidades das quais Palden Lhamo (gelug) e Ekajati (Nyingma) são as mais proeminentes; a maioria das Mamos são retratadas como figuras feias e aterrorizadoras;  carregam uma taça craniana cheia de doenças, uma bola mágica de fios e um laço preto são as suas armas típicas; Mamo, como uma classe de deidades, são bastante numerosas e em diferentes formas e constituem um importante aspecto feminino dos protetores no Budismo, principalmente no Vajrayana.

– Deidades femininas manifestadas a partir do dharmadhatu, mas aparecendo em formas que correspondem às aparências mundanas por meio da inter-relação entre o mundo convencional e os nossos canais, ventos energéticos ou essências sutis dentro do nosso corpo que possuem simultaneamente o aspecto último e relativo.

[2] Esta nota foi escrita por um homem, Filho da Paz, seguidor de mestres exemplares que mantinham e ainda mantêm excelentes relacionamentos com todos as Mamos, o qual é conhecido como Aquele que Nasceu do Lótus. Adotando a humildade e o compromisso de dedicar os méritos para o bem coletivo, que eu e todos os seres possamos receber sabedoria suficiente proveniente do seio único da Mãe (Ekazati), que dá vida àqueles que, de outra forma, estariam condenados pela arrogância do autocentrismo.

[3] É a manifestação de possibilidades de transitar entre os mundos, existências e dimensões que co-existem.

[4] Traduzido do texto da “Deidade Tripla do Amalgam Ta Chag Khyung Sum” por Acharya Dawa Chodrak Rinpoche © Saraswati Bhawan Publications.

Parafraseado da explicação completa de Machik: esclarecendo o significado de Chod, traduzido por Sarah Harding.

 

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Traduzido para o português por Bia Bispo. Possa todos os méritos acumulados, transformarem em medicina para pacificar a mente e proteger de doenças, epidemias, pestilências etc., todos os seres e aqueles que tiverem contato com essa mensagem das Mamos, comentada por Lama Rangbar.

(https://www.thegreatawakening.org/blog/2020/3/22/the-mamos-language-a-short-guide-to-peace-on-earth)

 

 

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